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10 perguntas e respostas sobre a fusão que dá origem à nova Dell Technologies

Publicado em 8 Setembro 2016 | 2433 Visualizações

A junção da EMC à Dell criou um novo gigante das tecnologias que quer potenciar a oferta que ambas as partes já têm e percorrer novos caminhos. Saiba o que está em causa e o que vai acontecer a partir de agora.

A junção das duas companhias resulta exatamente no quê?
Resulta na Dell Technologies, uma empresa que vai faturar 74 mil milhões de dólares ao ano, que emprega 140 mil pessoas e que tem operações em 180 países. No leque de clientes daquela que é agora a maior empresa privada (porque o capital está fechado) de tecnologia do mundo estão 98% das empresas que constam do ranking Fortune 500. O objetivo é posicionar o novo grupo como um parceiro privilegiado das empresas na adoção de soluções de cloud híbrida, infraestruturas convergentes, PaaS (plataformas as a service), Software Defined Software, mas também em áreas como a mobilidade ou a segurança. Para já mantém-se disponível toda a oferta das duas companhias.

O que acontece às subsidiárias ligadas às duas empresas, nomeadamente à EMC que tinha empresas independentes como a VMware?
Todas as empresas detidas total ou parcialmente pela EMC ou pela Dell passam para o universo Dell Technologies, mas as mais importantes vão continuar a funcionar de forma independente. É o caso da VMware, que continuará aliás a estar cotada em bolsa, mas também da RSA, SecureWorks (que vem da Dell) e da Virtustream, conforme explica uma carta aberta dirigida a clientes e parceiros, divulgada no dia em que a fusão foi concretizada. Na mesma carta explica-se que a oferta mais tradicional da Dell (PCs), arrumada na divisão de Client Solutions, vai manter a marca Dell. A insígnia Dell EMC vai ser usada nas soluções de infraestrutura para o Data Center que as duas empresas aportam à nova organização.

A Dell Technologies estará cotada em bolsa?
Não. A nova companhia terá capital privado, tal como já acontecia com a Dell, que em 2013 saiu do mercado de capitais em nome de uma maior flexibilidade para reinventar um negócio ainda muito focado nos PCs e nos servidores. Dois mercados que já nessa altura estavam em queda, no que se refere ao volume de receitas. Na conferência web de apresentação da nova empresa, Michael Dell, fundador da Dell e presidente da nova companhia, voltou a frisar que manter a companhia longe da pressão do mercado bolsista garante maior liberdade para investir em novas tecnologias.

Em que áreas inovadoras a nova companhia quer centrar investimentos?
No evento que assinalou a data de concretização da fusão, Michael Dell deu vários exemplos de áreas inovadoras onde a nova Dell Technologies vai investir como a Internet das Coisas, o Cloud Computing, a analítica preditiva ou a cibersegurança. «Todas estas são áreas atrativas para investimento», garantiu. Em entrevista à CBS acrescentou que “o número de coisas com inteligência está a explodir e gerir esse futuro digital exige novas infraestruturas, novo software e novas capacidades”. A Dell Technologies quer encontrar respostas para este desafio, colocando a tónica na segurança, garante.

Porque é que o negócio faz sentido?
A Dell continua a ser um dos maiores fabricantes mundiais de computadores e mantém uma posição de destaque nos servidores. Nos últimos anos, sobretudo desde que saiu da bolsa em 2013, começou a desenhar uma estratégia para se posicionar como fornecedor de serviços TI. Foi ganhando terreno no mercado de infraestruturas, mas a sua oferta de storage chega sobretudo a pequenas e médias empresas. A EMC é mais forte neste domínio e chega sobretudo a grandes empresas. Comprar a companhia acelera a chegada a novos segmentos, potencia vendas nas áreas mais tradicionais e coloca a companhia numa posição privilegiada para desenvolver soluções inovadores e posicionar-se como plataforma para a transformação digital. A áreas das infraestruturas convergentes é talvez um dos exemplos mais imediatos de um domínio onde, em conjunto, as duas empresas podem avançar mais rapidamente, ajudando as empresas a encontrar soluções mais flexíveis e mais competitivas.

O que vai acontecer à parceria EMC/Cisco, materializada na VCE?
Segundo Michael Dell nada, a parceria é para manter, embora vários analistas acreditem que a prazo essa intenção pode mudar e a companhia pode desenvolver a tecnologia necessária (e que hoje ainda não tem) para dispensar a Cisco do acordo. Junta a EMC à Cisco, mas também à VMware e disponibiliza uma solução convergente assente nas soluções de storage, de rede e de virtualização das três empresas. O Vblock é o principal produto da joint-venture e serve para simplificar a criação de clouds privadas com recurso a tecnologia das três companhias.

A fusão foi anunciada em outubro de 2015. Porque demorou tanto tempo a ser consumada?
A dimensão do negócio exigiu várias aprovações. Além dos acionistas da EMC (que estava cotada em bolsa) precisou do aval dos reguladores da concorrência em diferentes geografias. A última aprovação necessária era a da China que foi garantida no dia 30 de agosto, deixando o caminho livre para a operação.

O que ganharam os acionistas da EMC com a venda/fusão?
Cada ação da EMC valeu 24,05 dólares e uma participação na empresa do grupo que se mantém cotada, a VMWare. Tudo somado o valor envolvido no negócio ascendeu a 58,18 mil milhões de dólares, número corrigido pela Dell no dia em que a fusão se concretizou. Quando foi apresentada o valor indicado era de 67 mil milhões de dólares.

No que se refere à participação que os antigos acionistas da EMC garantem na VMware o The Wall Stret Journal explica que por cada ação da EMC os investidores receberão 0,111 de uma nova classe de ações da VMWare. A EMC – e agora a Dell Technologies – controla 81% do capital da VMWare. Para ajudar a financiar o negócio abriu 65% dessa quota aos novos acionistas.

Quais são os principais riscos ao sucesso do negócio?
A forma como as duas empresas serão integradas é um elemento determinante no sucesso da operação. O sector das Tecnologias de Informação está recheado de exemplos de negócios de biliões de dólares com argumentos para terem sucesso que não chegam a vingar e o contrário também é verdade. Há analistas a defender que um dos desafios do processo é a orgânica federativa da EMC, que tem várias empresas afiliadas, parcial ou totalmente independentes, um modelo que aparentemente agrada à nova gestão que o vai manter.

Outros referem que as megafusões são uma fórmula ultrapassada pela complexidade e pelos custos associados e que neste caso são ainda mais impressionantes, tendo em conta que o valor de mercado da Dell é inferior ao do negócio. Os parceiros de capital da companhia ajudaram a garantir os fundos necessários para a operação. Espera-se que manter o novo grupo longe das luzes de Wall Street traga a tranquilidade necessária para pagar rapidamente a fatura da fusão. Sobre o tema Michael Dell já disse que depois que saiu da bolsa, a Dell acelerou e muito a capacidade de amortizar dívida. Neste novo desafio espera equilibrar as contas num par de anos.

Por outro lado, a complementaridade do portefólio das duas empresas é destacada por muitos analistas como um facilitador do processo de integração: vai obrigar a menos ajustes na oferta ou nas equipas. Gonçalo Ferreira, diretor-geral da Dell em Portugal, lembra ainda as semelhanças de cultura das duas empresas e o facto de durante vários anos terem sido parceiras, sinais que na sua opinião também são positivos.

Em Portugal que impactos terá a fusão?
Nos próximos meses espera-se que muito poucos. Pelo menos até terminar o ano fiscal da Dell que encerra a 31 de janeiro de 2017. Isabel Reis, diretora-geral da EMC em Portugal disse ao Ntech.News que, até à data, as indicações são de que o novo grupo «conta com ambas as equipas na sua totalidade».

A prazo os efeitos no mercado de infraestruturas serão relevantes, admitiu a IDC.


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