5G e realidade aumentada permitem cirurgia que liga Lisboa e Zaragoza

Uma ligação 5G e uma solução de realidade aumentada serviram de base a uma experiência inédita, que permitiu realizar uma cirurgia de cancro da mama, com supervisão à distância. A experiência envolveu a Fundação Champalimaud, em Lisboa, e a Universidade de Zaragoza, em Espanha. A demonstração realizou-se durante o Congresso da Associação Espanhola de Cirurgiões da Mama.
A cirurgia aconteceu em Lisboa, mas contou com o apoio de um segundo cirurgião, que assistiu o primeiro à distância, fornecendo informação complementar e ajuda a orientar os gestos do cirurgião fisicamente no bloco. Este cirurgião estava equipado com um headset de realidade mista, os Hololens 2 da Microsoft e, graças ao dispositivo, conseguia ver a imagem à sua frente e ao mesmo tempo ter acesso a informações projetadas sobre as lentes. O colega tinha acesso à mesma informação, a mais de 900 quilómetros de distância, usando um portátil ligado a uma rede privada 5G da Altice e da Movistar espanhola.
Como se explica na nota que divulga a experiência, a partilha em tempo real de informação entre os dois cirurgiões foi possível graças ao recurso exclusivo a uma rede 5G, com uma latência que não vai além dos milisegundos. A ligação sincronizada entre os dois médicos permitiu, por exemplo, que o cirurgião que estava em Espanha desenhasse no seu laptop o local exato para fazer a incisão inicial, sobre a imagem do corpo da doente.
O médico, Pedro Gouveia, é pioneiro na utilização das Hololens em cirurgias de cancro da mama, guiadas por modelos digitais e personalizados do tumor e do corpo das doentes.Na Fundação Champalimaud desenvolveu uma metodologia digital não invasiva que permite localizar com grande precisão o tumor a extrair durante a cirurgia.
Como se explica, esta foi a «primeira experiência no mundo de utilização, ao vivo e em direto, daquilo a que se dá o nome de ‘remote proctoring’, durante uma cirurgia de cancro da mama”, detalhou Pedro Gouveia. Esta supervisão remota é já usada para monitorizar provas escritas à distância, mas aí sem o apoio do 5G porque a comunicação síncrona não é fundamental.
A experiência é apresentada como uma prova de conceito, que poderá vir a permitir, no futuro, o treino mais realista dos estudantes e um apoio reforçado aos cirurgiões em início de carreira, quando realizam as suas primeiras cirurgias.
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