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Cadeia de abastecimento e sustentabilidade devem ser prioridades máximas para os fabricantes

Román Cazorla, responsável do segmento MOEM na Eaton Iberia

Publicado em 15 Fevereiro 2022 por Ntech.news | 896 Visualizações

Em 2022, podemos esperar novas iniciativas e políticas que afetarão o sector industrial, tais como sistemas de certificação de impacto ambiental, bem como um maior impulso para atrair diversos talentos, normas inter-indústrias abertas e investimentos na produção digital offshore, tudo isto para tornar a era da Indústria 4.0 uma realidade.

Em 2021 o sector industrial foi forçado a enfrentar dois grandes desafios. Por um lado, a crise global de escassez de chips, que afetou grave e transversalmente a produção e as receitas dos fabricantes em distintos sectores, entre os quais das tecnologias e automóvel. Por outro lado, o aumento imparável dos custos de energia, a nível ibérico, que obrigou à paragem de instalações industriais para fazer face aos preços da eletricidade.

No entanto, acredito que a consolidação da Indústria 4.0 ou Indústria 5.0 – se tivermos em conta o paradigma proposto pela UE – poderia dar um importante impulso ao sector industrial no próximo ano. As condições estão todas reunidas para que isso aconteça: das metodologias digitais aos robôs de mercadoria, as linhas de produção digitalizadas monitorizáveis, geridas e redesenhadas de uma forma mais ágil. Tudo indica que, por isso, 2022 será marcado por uma maior compreensão, formação e implementação da Indústria 4.0.

Importa assim, analisar como será a cadeia de abastecimento 4.0? A pandemia pôs em evidência uma realidade que tem vindo a ser construída há anos, após décadas de offshoring, resultando numa rede global complexa que oferece vantagens de custo mas que é frágil quando sob pressão. E, para além do Covid, não podemos esquecer o impacto que outros eventos tiveram na cadeia de abastecimento, como foi o incidente do Canal de Suez, o Brexit e a escassez de semicondutores.Assim, quando falamos da era da Indústria 4.0, é lógico que pensamos em cadeias de abastecimento também evoluídas,  na mesma direção.

Devemos hoje – se não o tivermos feito- reavaliar a análise custo-benefício destes sistemas; repensar as estruturas empresariais em que estão suportados os fabricantes e dar prioridade à resiliência. A resiliência tornar-se-á um valor acrescentado para os fabricantes, uma vez que lhes permitirá colmatar as lacunas e oferecer prazos de entrega curtos e seguros, bem como uma carteira mais vasta com opções de personalização.

Esta reestruturação da cadeia de abastecimento irá de mãos dadas com a indústria 4.0, e a agilidade e as vantagens em termos de custos da convergência OT/IT.

Por outro lado, não podemos deixar de analisar a questão ambiental e o seu impacto. A preocupação com as alterações climáticas atingiu agora todos os níveis da sociedade e a indústria terá de tomar medidas. A oportunidade de produção de energia no local, com as politicas incentivadoras do autoconsumo, é uma realidade e oferece benefícios significativos a longo prazo, embora também exija uma grande transformação para converter as linhas de produção da entrada da rede CA para o fornecimento de corrente contínua.

Há , hoje, uma real oportunidade de reduzir o impacto ambiental da indústria através do encurtamento físico das cadeias de abastecimento, uma vez que isso reduzirá as emissões originadas pelos transportes, bem como a otimização da atribuição de recursos para abastecer com maior agilidade e eficiência.


Publicado em:

Opinião

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