Carros autónomos, privacidade e criptomoedas subiram ao palco na Web Summit
No segundo dia da Web Summit, o palco principal do evento foi tomado por debates sobre temas tão diversos como a mobilidade, a privacidade, blockchain, ou os desafios que se colocam às marcas, países e regiões (como a Europa) para vingar na inovação, entre outros.
Num debate que contou com a participação de representantes de várias capitais de risco ficou a convicção de que as boas infraestruturas e as plataformas de colaboração abriram novos mercados à inovação e fizeram nascer novos hubs, um pouco por toda a Europa.
A região já não restringe os ecossistemas de inovação e empreendedorismo mais dinâmicos a um conjunto de mercados fechados. Barcelona e Lisboa, como sublinhou Pär-Jörgen Pärson, general partner da Northzon, são exemplos claros disso. «Há 10 anos pouca relevância tinham nesta área e hoje estão entre as cidades mais vibrantes da Europa, acolhendo vários projetos inovadores».
Carros autónomos? sim mas a várias velocidades
As grandes tendências atuais da inovação também tiveram espaço no debate e uma delas foi a dos veículos autónomos. No mesmo painel juntaram-se à conversa os responsáveis da Volkswagen, da Aston Martin e da Byton, um fabricante de automóveis chinês, fundado por ex-executivos da BMW e da Nissan, que deverá lançar o seu primeiro carro totalmente elétrico durante o próximo ano.
Atores tradicionais e challanger concordaram que o sector está em profunda transformação, num mundo cada vez mais dominado pelo software, que também está a tomar conta dos carros, a caminho de se converterem em «verdadeiras plataformas de software». Também foi consensual que a segurança será uma das grandes conquistas da mobilidade autónoma, nomeadamente, pela redução de acidentes. Já os caminhos a percorrer até lá chegar serão distintos e terão várias velocidades.
Marek Reichman, vice-presidente da Aston Martin, garantiu que a marca fará um caminho longo até privar os seus clientes do prazer da condução, uma das promessas chave na mensagem da marca, sem deixar de tirar partido das evoluções tecnológicas relacionadas com a automação. nessa linha, antecipa uma panóplia de serviços inovadores, que podem automatizar tarefas específicas, deixando mais margem ao condutor para se entregar aos prazeres da condução.
A Byton prepara-se para competir com a Tesla e com os fabricantes tradicionais de automóveis com opções elétricas e Carsten Breitfeld, CEO e um dos fundadores do projeto, defende que as oportunidades deste mercado para novos atores estão no caminho a que a transformação levará o sector, convertendo os fabricantes em verdadeiros provedores de soluções de mobilidade.
Criptomoedas vão mesmo afirmar-se
As criptomoedas também voltaram a debate na Web Summit, a valer menos que há um ano, mas com recordes de valorização entre uma e outra edição do evento. Continuam com um futuro promissor, mesmo que nos próximos anos as oscilações continuem a marcar o seu percurso de afirmação, que se tem consolidado mais rapidamente em países onde crises políticas e financeiras limitam o acesso e a circulação de capitais.
A ideia foi defendida por Peter Smith, cofundador e CEO da Blockchain, uma plataforma que, entre outras coisas, suporta transações feitas com moedas virtuais e que é hoje muito usada para este fim, sobretudo em mercados como a Argentina ou Venezuela, exemplificou o responsável. Garry Tan e Tim Draper, investidores de capital risco, concordaram que mesmo com oscilações, a afirmação das criptomoedas, enquanto «opção apolítica», como lhe chamou Tim Draper da Draper Associates é irreversível e estará confirmada num prazo de três a quatro anos.
Privacidade, em diferentes perspetivas
A privacidade foi mais um tópico em debate. A vice-presidente para a área de gestão de produto da Google, Tamar Yehoshua, falou dela para explicar que a empresa tem no tema uma prioridade, detalhando estratégia e políticas que, como sublinhou, foram desenhadas para colocar do lado do cliente as decisões mais adequadas a cada perfil para se sentir confortável a usar os serviços Google.
Duas sessões antes, Christopher Wylie, ex-diretor de análise da Cambridge Analytica também falou de privacidade, para questionar o papel dos reguladores internacionais e a sua falta de ação no controlo do poder das redes sociais e da forma como usam os dados dos utilizadores.
Wylie revelou ao mundo que a Cambridge Analytics tirava partido indevido de dados do Facebook para influenciar a opinião pública em questões políticas em vários países. Defende agora que se a regulação é o garante da segurança em tantas áreas – saúde ou aviação, por exemplo, não há razão para que não seja assim na internet e no que se refere à privacidade dos dados.
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