Coaching de Equipas de Elevada Performance: A gestão das emoções
Directora técnica da Coaching CIGA
Já é um lugar comum dizer que todas as equipas são grupos, mas nem todos os grupos são equipas. As equipas são grupos especiais: são redes vivas e dinâmicas constituídas por pessoas com objetivos em comum, que trabalham para um bem maior que os objetivos individuais. A dinâmica de uma equipa está obrigatoriamente sedimentada numa comunicação fluida e em padrões de relação construtivos, o que potencializa resultados.
Contudo, e como tudo o que envolve as pessoas, paralelamente aos objetivos em comum, aos comportamentos manifestos e aos pensamentos partilhados, há emoções, desejos e motivações individuais que se esgrimem nos bastidores das tarefas e que facilitam ou dificultam o caminho para a concretização dos objetivos. Considero que o mais difícil de afinar nas equipas não é a tarefa nem a definição dos objetivos. O mais difícil de gerir é o “como” vai ser posto em prática o percurso, o caminho para o objetivo, nomeadamente quando os sentimentos são tocados, desencadeados por algo que o outro diz ou faz, a forma como “as coisas” do outro ressoam em nós, na nossa história, nas nossas sensibilidades. A forma como se fala, o tom, como se coordena, como se “manda fazer” …o conteúdo representa uma pequena porção da equação.
Ainda há umas décadas atrás para a grande parte dos gestores o exercício da gestão estava associado ao pensamento lógico e racional, à tomada de decisões desprovida de emoções (pensavam ser possível!). As emoções eram desprezadas, ridicularizadas, associadas a sentimentalismo, descontrolo, má prática. Ou simplesmente as pessoas não eram “treinadas” para as conseguirem ler em si ou nos outros. A pergunta “o que sente/sentiu com isso?” era olhada com estranheza. “Sentir? No trabalho não é suposto sentirmos.” Os pensamentos não eram sentidos e as emoções não eram pensadas, a intuição era desprezada.
Hoje em dia o Fator Humano, e com ele os sentimentos e emoções, estão na ordem do dia. Com o recente livro “A estranha ordem das coisas” António Damásio (2017) fala-nos exatamente de como os sentimentos impulsionam a evolução Humana e das sociedades e diz mesmo que tudo o que há de bom e de bem não teria acontecido se não tivéssemos sentimentos.
E o que é válido para as sociedades não será também válido para as empresas? Não pode haver decisão, criatividade, aprendizagem, sem emoção. “Não podemos ter consciência sem ter sentimentos” diz Damásio. A energia criativa radica na emoção. A coesão, o sentido de pertença essencial nas equipas não existe sem emoção. As startups não começarão por um ato de paixão, energia criativa? Então, vale a pena pensar, em que é que a consciência deste novo paradigma muda o ato de gestão e de liderança? Qual o papel do líder no meio deste caldo fervilhante de emoções, ditas e não ditas, que são as equipas?
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