Como pode a IA melhorar a agricultura? NEC e Kagome escolhem Portugal para mostrar

A NEC e a Kagome escolheram Portugal para criar uma nova empresa que vai dar suporte à produção de tomate de indústria, com recurso a Inteligência Artificial (IA). A startup vai operar em todo o mundo, com o objetivo de contribuir para uma agricultura mais sustentável, com soluções que juntam a tecnologia da NEC ao know-how da Kagome, na área da agronomia. A startup dá seguimento a uma parceria que nasceu em 2015 e que já tem oferta no mercado. Chama-se DXAS Agricultural Technology.
A oferta da DXAS baseia-se num sistema de recomendações suportado em inteligência artificial, para tornar a produção mais sustentável e com índices de rentabilidade mais elevados. Nos últimos anos foram realizadas demonstrações em Portugal, Espanha, Austrália e Estados Unidos e o negócio está agora em fase de expansão para mais sete países. Estes ativos vão agora passar progressivamente para a nova empresa.
João Paulo Fernandes, diretor-geral da NEC Portugal, explica que as recomendações de IA fornecidas pela solução desenvolvida em conjunto pelas duas empresas, a Cropscope, tem para já especial aplicabilidade na rega.
A utilização da aplicação «ao longo do tempo, tem-se traduzido numa poupança de água sem comprometer o comportamento da cultura, conseguindo inclusive produções mais elevadas e estáveis, ao longo do período de tempo em que o CropScope é utilizado».
A tecnologia desenvolvida consiste essencialmente «em utilizar dados recolhidos automática e remotamente, por meio de informação meteorológica e fotos de satélite, que depois de processados enviam informação aos produtores para que estes possam rapidamente perceber o que está a acontecer com os seus campos e, em caso de problemas com a cultura ou com o campo, conseguirem atuar mais rapidamente onde é mais urgente», explicou o responsável ao Ntech.News.
Entre as informações que o sistema é capaz de fornecer, remotamente, estão por exemplo dados sobre a evolução da cultura, o que permite ao produtor perceber se o campo está bem desenvolvido ou se há zonas com problemas, facilitando decisões sobre as ações a tomar para corrigir falhas. A informação disponibilizada é também útil para mitigar o risco de doenças, permitindo programar os tratamentos que a cultura necessita. Já com a instalação de sensores é possível, por exemplo, verificar a humidade do solo junto à cultura, para monitorizar em detalhe a eficiência da rega.
João Paulo Fernandes acredita que a aplicação desenvolvida pelas empresas terá um papel cada vez mais importante na racionalização da água usada nas culturas e é também para dar resposta a essa necessidade que os próximos desenvolvimentos da Cropscope estão orientados.
«A água é um fator de produção fundamental, mas cuja escassez tem vindo a aumentar ao longo do tempo, o nosso objetivo é o de conseguir reduzir cada vez mais a utilização de água, através de uma aplicação mais eficiente, aproximando a prática agrícola daquilo que é necessário para o crescimento biológico ideal de cada planta».
A nova empresa arranca com um investimento inicial superior a 2 milhões de euros e com seis colaboradores diretos, que vão continuar a contar com o apoio de colaboradores das duas empresas japonesas.
A aposta inicial no tomate surgiu por esta ser a área onde a Kagome já trabalhava. «À medida que a solução se for robustecendo e amadurecendo para aplicação à cultura do tomate, temos o objetivo de também a ir adaptando e aplicando a outras culturas», refere o responsável da NEC.
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