Desmistificar a Inteligência Artificial para Centros de Dados
Rita Lourenço, key account manager
A Inteligência Artificial (IA) e tecnologias associadas pareceram sempre futuristas, mas hoje em dia são muitas as empresas que oferecem soluções de IA e comprovam os benefícios empresariais da tecnologia. Mas é real? A IA oferece benefícios tangíveis e mensuráveis? Estas são as questões que procuro aprofundar à medida que analiso a aplicação de Inteligência Artificial em Centros de Dados.
Comecemos pela ambição geral, que consiste em aplicar um algoritmo que permite a um Centro de Dados otimizar-se em termos de eficiência, respeitando a utilização de energia. Uma auto otimização significa que os Centros de Dados ajustam autonomamente a sua energia e sistemas de refrigeração. Hoje em dia, um gestor de instalação ou de Centro de Dados pode ajustar a temperatura da sala de TI ou a temperatura da água do chiller (utilizado para arrefecer o Centro de Dados) e monitorizar os efeitos das mudanças, a vários níveis de carga de trabalho em TI, em utilização de energia e na conta das companhias elétricas.
O gestor pode assim acompanhar os benefícios das diferentes temperaturas e ajustar manualmente a temperatura, utilizando controlos no equipamento, como o termostato. Contudo, o seu Centro de Dados pode ter centenas de ares condicionados computadorizados (CRACs) com termostatos. Ajustar todos os CRACs manualmente é uma tarefa difícil ou mesmo impossível. Mas se houvesse um sistema de Inteligência Artificial, poderia detetar (através de um algoritmo) a temperatura ótima em diferentes alturas do dia e em diferentes níveis de utilização de TI e automaticamente ajustar os sistemas de refrigeração de forma apropriada. Além disso, conseguiria acompanhar os dados e aperfeiçoar continuamente o algoritmo para o tornar mais eficiente ao longo do tempo. Vantagens muito positivas!
O requisito base para sistemas de Inteligência Artificial é a obtenção de dados em tempo real, de todos os componentes principais, em todo o ecossistema. Para Centros de Dados, deverá incluir dados de todos os sistemas envolvidos com estruturas de refrigeração (chiller, torres de refrigeração, variadores de velocidade variável, condensadores, evaporadores, manipuladores de ar, economizadores, etc), refrigeração da sala TI (CRACs, manipuladores de ar, sistemas de contenção, ventoinhas, etc.) e o equipamento de TI (taxa de utilização do servidor, temperatura, consumo de energia). Não é uma tarefa fácil reunir todos os dados – existem problemas decorrentes de múltiplos protocolos de comunicação, configurações de dados que variam de acordo com o fabricante, e dados a serem bloqueados pelos mesmos.
Além disso, muitos dispositivos podem ter displays, mas por vezes não têm output de dados ou capacidade de controlo remoto necessário para transportar os dados para um sistema de IA. Para um sistema de Centro de Dados de Inteligência Artificial funcionar e conseguir os benefícios tangíveis que as empresas reivindicam, precisa de um desenvolvimento totalmente novo ou de um novo design, com o sistema de IA como componente principal.
Vemos todos os sistemas de IA a serem desenvolvidos como casos de estudo em muitos Centros de Dados e testemunhamos grandes avanços em medição de Centros de Dados e bases de dados na cloud, com previsões de analytics que podem estar relacionados com os serviços direcionados para a eficiência dos Centros de Dados. Ainda é cedo, mas vejo um futuro onde os sistemas de Inteligência Artificial irão desempenhar um papel crucial em operações de Centros de Dados, gerando eficiências que os humanos não conseguem.
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