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Eficiência energética cria um novo foco para os Centros de Dados

Pedro Nobre, RAC DC EMEAS Solution Architect na área de IT Business da Schneider Electric

Publicado em 4 Julho 2017 | 936 Visualizações

Os operadores de Centros de Dados estão a ser encorajados a organizar as suas infraestruturas para que possam operar a temperaturas mais altas. A teoria baseia-se no facto de que temperaturas mais elevadas melhoram a eficiência geral do Centro de Dados, através da redução da necessidade do esforço de arrefecimento, o que leva à diminuição da carga em ventiladores e compressores, permitindo mais horas de refrigeração.

Porém, existem muitos fatores a considerar antes de aumentar a temperatura. De uma forma geral, acredito que estamos a atingir o ponto de retorno, em termos de rendimento, em algumas destas estratégias de controlo de temperatura, tendo em conta que um Centro de Dados é um sistema muito complexo. Ao aumentar a temperatura, alguns equipamentos acabam por consumir mais energia. Por exemplo, podemos poupar energia ao não acionarmos compressores, porém, os ventiladores dos servidores de informática podem acelerar e consumir mais energia. Isto significa que é necessário planear tudo e analisar quais os retornos possíveis.

A estratégia também deverá ter em consideração a sua localização geográfica, pois o clima é um fator importante. Ao analisarmos todas as variáveis, podemos concluir que em certos casos pode melhorar, mas noutros acaba por aumentar o consumo de energia do Centro de Dados.

Tendo em conta o panorama geral, o que importa, em última análise, é o progresso que estamos a fazer particularmente em relação ao que precisamos de melhorar no futuro. Os desafios vão aumentar porque vão existir cada vez mais Centros de Dados à medida que a sociedade vai necessitando de mais capacidade computacional. Esse aumento de exigência não vai parar. Isto significa que os Governos vão ficar preocupados com o grau de eficiência com que a indústria utiliza a energia e, naturalmente, questões como o aumento de temperatura não serão a resposta cabal para o que se pretende atingir.

Neste sentido, precisamos de pensar no desafio global e analisar concretamente a quantidade de IT necessária para executar determinada aplicação. Com sorte isso irá contribuir para o aumento da eficiência energética e, ao mesmo tempo, possibilitar a projeção da infraestrutura física para cumprir adequadamente os requisitos. Tudo isto deverá guiar-nos para uma gestão muito mais eficiente da utilização de energia, que a meu ver, será a próxima etapa na qual nos devemos concentrar.

A este propósito, referir ainda que o PUE (Power Usage Effectiveness) – uma métrica popular para ajudar os operadores a medir a eficiência de utilização de energia num Centro de Dados, a refrigeração necessária e a infraestrutura de backup – poderá talvez não ser suficiente para lidar com este desafio. É necessário pensar em todo o sistema, começando pelas aplicações e a garantia de que estamos a calibrar de forma apropriada o IT e todas as outras infraestruturas físicas. Isso é algo que temos de fazer enquanto indústria.


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Opinião

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