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«Em 2023 esperamos um crescimento de 15% e superar os 100 colaboradores»

Rui Cruz, diretor-geral da Opensoft

Publicado em 12 Maio 2023 por Cristina A. Ferreira | 843 Visualizações

Rui Cruz assumiu no início de fevereiro a direção-geral da Opensoft, com a promessa de acelerar o posicionamento internacional da empresa portuguesa na área da digitalização de serviços. 

Em conversa com o Ntech.news, o responsável detalha a estratégia em marcha para alcançar este objetivo e passa em revista outras apostas fortes da Opensoft para 2023. Entre elas, a recém-anunciada área de I&D, onde a companhia quer criar espaço para fazer nascer novos produtos e serviços.  

A nova direção-geral da Opensoft assumiu funções com o mote de acelerar o posicionamento da tecnológica na área da digitalização de serviços no mercado internacional e potenciar o crescimento global da empresa. Como é que isso está a ser feito?

Rui Cruz: Em termos estratégicos estamos neste momento focados em três frentes principais: uma frente nacional, que passa pela consolidação do trabalho que temos realizado em Portugal com organismos da Administração Pública e empresas privadas; uma frente internacional, que engloba os projetos em desenvolvimento em países dos PALOP, como são os casos de Cabo Verde, Moçambique e Guiné Equatorial; e uma frente que podemos designar de interna, relacionada com o novo departamento de Investigação & Desenvolvimento (I&D), criado já este ano, para estar totalmente dedicado à inovação – de ferramentas, metodologias, recursos e, até, de produtos novos que possamos estender ao mercado.

No mercado internacional qual é o principal foco?

R.C.: No que diz respeito ao negócio internacional fornecemos serviços de engenharia de software e consultoria tecnológica, a partir da integração ou desenvolvimento de soluções à medida. Estamos a trabalhar em colaboração com governos locais, como o de Cabo Verde, para impulsionar a transformação digital e a modernização administrativa. Juntos estamos a agilizar processos que facilitam operações do dia-a-dia das pessoas, como a renovação de documentos, nomeadamente o passaporte, reduzindo a intervenção do cidadão no Estado. Tratam-se de projetos que criam um impacto muito positivo na sociedade. Implementar tecnologia significa, na prática, um esforço de aumentar a transparência e compliance nestes países. No limite, com o nosso trabalho, ajudamos a reduzir a evasão e a fraude fiscal.

Ainda no que se refere à internacionalização, este será então um ano para consolidar mercados onde já estão?

R.C.: Sim, estamos a prever que este seja um ano de consolidação. De uma forma geral, os nossos projetos são bastante complexos e, por isso, feitos em etapas.

Quando se acompanham processos de transformação digital há muita margem para implementar soluções tecnológicas por fases de transição em ciclos de vários anos. Este cenário é algo que encontramos nos países onde já temos negócio, como é o caso dos PALOP, por isso, prevemos continuar a apostar neste mercado.

Refiro que é muito gratificante ver a contribuição que os nossos projetos já têm atualmente. Estamos também a desenvolver um conjunto de iniciativas comerciais direcionadas para outros mercados, onde acreditamos que as nossas soluções poderão ter boa aceitação e, neste caso, referimo-nos a outros países da Europa e do continente africano.

No ano passado lançaram a aplicação idfyme. Como tem corrido a colocação no mercado deste produto?

R.C.: O idfyme tem suscitado bastante interesse no mercado e este ano prevemos que surjam mais clientes, tendo em conta o esforço comercial planeado. A necessidade de desmaterializar o atendimento das organizações, mantendo a interação presencial e a segurança que se exige nestes processos, passou a fazer parte do nosso quotidiano durante a pandemia e é algo que não vai voltar atrás. Daí esta permanecer no nosso portfólio como uma das soluções possíveis para a Opensoft facilitar atividades do dia-a-dia.

Têm previsto o lançamento de outras ferramentas com o mesmo objetivo de digitalizar processos ou serviços?

R.C.: Está no ADN da Opensoft a vontade de transpor processos burocráticos, pesados, associados ao papel, para as plataformas digitais.

Este ano, vamos ter em funcionamento um departamento exclusivamente responsável pela inovação, pelo que teremos oportunidade de desenvolver ideias embrionárias para novos produtos ou ferramentas.

Acredito que teremos novidades sobre estes desenvolvimentos, embora o seu lançamento no mercado não seja já para este ano.

Pode detalhar um pouco mais o âmbito de atuação da vossa nova área de I&D? Que projetos vai abraçar este ano, por exemplo?

R.C.: A criação de um departamento de I&D na Opensoft prende-se com a necessidade de, enquanto empresa tecnológica que somos, estarmos na linha da frente da inovação e termos pessoas focadas na criação de novas oportunidades, sejam internas ou externas. Além de querermos desenvolver novos serviços e produtos, queremos promover a eficiência do processo de desenvolvimento, investigar novas tecnologias e ferramentas de trabalho, procurar alternativas ao desenvolvimento de funcionalidades, aumentar a produtividade das nossas equipas e a qualidade do trabalho que entregamos.

No início do ano sentia-se um otimismo moderado dos fornecedores de soluções e serviços TI, que identificavam algum abrandamento dos investimentos, mas acreditando que o estado inadiável de muitos projetos iria manter o mercado “a mexer”. Isso confirma-se, qual a vossa perceção?

R.C.: Não somos alheios ao que se passa à nossa volta, em termos de panorama global, mas mantemo-nos bastante concentrados nos objetivos que delineámos e no desempenho que queremos ter, quer em termos de negócio, quer da própria equipa.

O que verificámos foram alguns meses de moderação do investimento, pela conjuntura económica e o contexto internacional de continuação da guerra.

Este início de ano está a ser marcado pelo surgimento de várias oportunidades interessantes, a nível nacional e internacional, que estão alinhadas com a nossa oferta e estratégia, o que demonstra esse otimismo moderado.

E do lado dos clientes?

R.C.: Do lado dos clientes, sentimos que a aposta em novos projetos está a acontecer de forma equilibrada no mercado nacional e internacional. Há, atualmente, o reconhecimento pelas empresas do grande benefício de estudo prévio e análise das condições necessárias e do planeamento para a implementação de novas soluções tecnológicas. Também nessa perspetiva temos já identificadas oportunidades que estão em sintonia com os serviços que prestamos.

Em termos de resultados quais são as perspetivas para este ano? Depois do melhor ano de sempre, em 2022, a Opensoft conseguiu manter a estabilidade das receitas. O que esperam para 2023, tendo em conta estes primeiros meses?

R.C.: Tivemos um 2022 bastante sólido, com um volume de negócios a rondar os 6,5 milhões de euros, em linha com o que estava previsto para o total do ano. Em 2023, esperamos atingir um crescimento orgânico de 15% e superar a barreira dos 100 colaboradores na equipa, razão pela qual continuamos a contratar. Os primeiros meses deste ano têm corrido de acordo com as expectativas. Estamos na fase do ano em que habitualmente se iniciam novos projetos, mas é no segundo semestre que contamos concretizar as perspetivas para este ano.


Publicado em:

Na Primeira Pessoa

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