Google: de mobile first para AI first
A inteligência artificial está agora no centro de todas as estratégias da Google. Isso mesmo afirmou o CEO, Sundar Pichai, na sua intervenção no Google I/O, o evento anual para programadores da empresa em Mountain View.
«Num mundo de primazia da inteligência artificial, estamos a repensar os nossos problemas e serviços», explicou o CEO, afirmando sem margem para dúvidas: passámos de «mobile first para AI first».
No centro desta estratégia está o Google Assistant, o assistente virtual inteligente que em breve vai invadir todo o tipo de dispositivos. Ontem, chegou à App Store da Apple e já pode ser usado no iPhone, e até ao final do ano será integrado em vários outros dispositivos, rivalizando com a Alexa da Amazon. A diferença é que o alcance da Google é muito maior: a empresa tem agora uma comunidade Android com 2 mil milhões de dispositivos. É mais do que o total de utilizadores do Facebook.
Além da dimensão, o Google Assistant é também mais contextual que a Siri, Alexa ou a Cortana da Microsoft e provavelmente que a Bixbi que chegará em breve aos dispositivos Samsung. Isto significa que o utilizador consegue fazer pedidos que não são completamente específicos e ter uma sensação de “conversa” com o Assistant, algo que ainda não é possível fazer com os outros.
Brian Blau, analista da Gartner, indica ao Ntech.news que a Siri «parece rudimentar» em comparação, especialmente no que toca às API. «Prevejo que essa situação irá mudar dentro de algumas semanas, quando chegarmos ao evento de programadores da Apple, WWDC».
Ao testar a versão do Google Assistant para iPhone, é possível perceber que a ferramenta também tem as suas limitações, além de estar confinada à app da Google. Mas é um passo em frente.
«Os humanos estão a interagir com os computadores de forma mais natural», adiantou Sundar Pichai, referindo a importância do reconhecimento de voz com aprendizagem de máquina e do reconhecimento de imagem e vídeo – que está na base de um novo serviço para o Android, Google Lens.
Mais importante que isto tudo é o suporte da infraestrutura que permitirá embeber inteligência artificial em todos os serviços da Google, desde a pesquisa ao YouTube. «Estamos a construir centros de dados para um mundo AI first», disse o CEO, mencionando a utilização de Tensor Processing Units, hardware específico para machine learning. A próxima geração destas unidades de processamento da Google é a Cloud TPU, que chega esta semana ao Google Compute Engine. «Queremos que a Google Cloud seja a melhor nuvem para machine learning», enunciou o CEO.
Outra novidade neste campo é a iniciativa Google.ai, que se vai focar no estado da arte da investigação, ferramentas e inteligência artificial aplicada.
No Google I/O, que reúne sete mil pessoas ao lado da sede da Google, a empresa também fez uma série de anúncios para outros sectores: Google for Jobs, uma funcionalidade no motor de busca para pesquisar ofertas de emprego, Android Go, uma versão mais leve do sistema operativo para telemóveis com menos de 1GB de memória, óculos de realidade virtual independentes do smartphone, em parceria com a HTC e a Lenovo, e ainda a segunda geração de dispositivos Tango este verão.
Para os programadores, uma grande notícia: a introdução oficial da linguagem de programação Kotlin para desenvolvimento no Android, que muitos certamente esperavam.
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