«Se as empresas se limitarem a utilizar a IA de forma igual a todas as outras, irão competir com a mesma abordagem e isso não aporta grande diferenciação entre elas»

Mais do que promover a utilização da Inteligência Artificial, a IBM que por as empresas a criá-la. Nuno Maximiano, Data & AI Tech sales manager da IBM SPGI, fala ao Ntech.news sobre a plataforma watsonx, uma solução integrada que se ajusta à realidade de qualquer empresa e que já está a ser testada em beta testers nacionais com resultados de melhoria de produtividade significativos.

A IBM watsonx é uma plataforma de dados e IA. O que é que isto quer dizer para as empresas e para a sua produtividade?
A plataforma watsonx foi criada com o objetivo de alavancar a transformação das empresas assente na nova realidade da IA. O watsonx permite que as empresas sejam criadoras de IA e não apenas utilizadores de IA. Com esta abordagem estamos convencidos de que as empresas irão diferenciar-se verdadeiramente e obter vantagens competitivas claras. Se as empresas se limitarem a utilizar a IA de forma igual a todas as outras, irão competir com a mesma abordagem e isso não aporta grande diferenciação entre elas.

O que traz de novo a watsonx para esta área de IA? Até que ponto se pode dizer que é a consolidação da oferta da IBM neste mercado?
Com o anúncio da plataforma watsonx, a IBM pretende que as empresas possam capitalizar as abordagens clássicas à IA e também gerar valor a partir da IA generativa e da utilização dos modelos fundacionais. Para isso, disponibilizamos uma plataforma integrada, gerindo todo o ciclo de vida dos modelos, que permite adquirir e gerir os dados com a qualidade necessária, utilizar qualquer tipo de modelo de IA, sejam estes disponibilizados pela IBM ou pela comunidade Opensource. Adicionalmente, gere esses modelos, monitorizando o seu desempenho e o impacto que podem ter, ou vir a ter no negócio da empresa. Advogamos que, para uma empresa obter real valor a partir da IA, não basta utilizar o mesmo modelo que todos utilizam, mas sim ter à sua disposição várias famílias de modelos que possam ser ajustados à realidade de cada empresa, em função das suas especificidades, para assim se poder diferenciar frente às outras. Esta plataforma pode ser instalada onde fizer mais sentido, seja numa cloud pública ou no próprio data center da empresa, com total flexibilidade, assente numa verdadeira estratégia de cloud hibrida.

Alguns casos de uso têm revelado melhorias de produtividade na ordem dos 60%, o que é muito relevante para provar o valor desta plataforma e da adoção da IA pelas empresas…

Ganhos de produtividade de 60%

Na prática, o que é possível fazer no universo de dados de uma empresa com esta plataforma e com as várias soluções que a integram? Que resultados da sua utilização foram apresentados no âmbitos dos programas beta?

Os casos de uso no âmbito da utilização da IA estão a crescer exponencialmente e as empresas que estão a trabalhar com esta plataforma estão a obter resultados espetaculares, quer ao nível do incremento da produtividade, quer na transformação dos próprios modelos de negócio. Os casos de uso atuais estão centrados em três grandes áreas; a melhoria da relação com os clientes, o trabalho digital – orientado para a melhoria da produtividade dos colaboradores e a automatização dos sistemas de IT. Mas existem muitas mais áreas onde a adoção de processos assentes em IA irão aportar real valor às empresas. Apenas a título de exemplo, alguns casos de uso têm revelado melhorias de produtividade na ordem dos 60%, o que é muito relevante para provar o valor desta plataforma e da adoção da IA pelas empresas. Adicionalmente, esta plataforma permite escalar estes casos de uso com toda a confiança, pois a componente de governo da IA é uma peça fundamental que permite por exemplo, analisar o comportamento dos modelos, explicar o resultado produzido em cada utilização, ou traçar uma linhagem de dados desde sua a origem, documentando a forma como são utilizados no treino dos modelos. Estas capacidades permitem à empresa um total controlo sobre este ciclo, sendo especialmente relevante para empresas que operam em ambientes altamente regulados.

Existe uma arquitetura de base que a empresa precisa ter in house para poder colocar esta plataforma a produzir conhecimento?
Não existe qualquer arquitetura de base necessária, pois a plataforma disponibiliza todas as funcionalidades necessárias através dos seus três componentes principais: watsonx.data para gestão dos dados, watsonx.ai para gestão dos modelos e watsonx.governance para governar todo o ciclo de vida da IA, desde os dados até aos modelos. A plataforma é, no entanto, flexível para que se possa ajustar à realidade de qualquer empresa.

Em Portugal já existem implementações em fase piloto pré-produtivo e está previsto que avancem para produção nos próximos meses.

Adoção faseada e sustentada nos resultados

Estas componentes funcionam de forma independente? Ou só quando integrados em conjunto na plataforma?
Os três módulos podem ser adotados separadamente, mas também funcionam de forma totalmente integrada. Devido à grande abertura da plataforma, podemos por exemplo adotar apenas o módulo watsonx.governance para governar modelos já existentes e em execução noutras plataformas de IA, como AWS ou Microsoft. O valor que aporta esta abordagem é igualmente muito interessante, pois não requer mudanças da realidade já existente nas empresas, sendo possível começar a capitalizar desde o primeiro momento de adoção de qualquer um dos módulos da plataforma.

Num mercado como o português, que tipo de empresa pode tirar real benefício desta solução? Há uma dimensão ou um setor preferencial?
Qualquer empresa poderá tirar partido desta plataforma e dos seus módulos, no entanto as empresas de maior dimensão terão sempre maior capacidade para gerir a plataforma na sua totalidade, devido às estruturas de capital humano e de processos IT ao seu dispor. No entanto, para empresas de menor dimensão, a sua adoção é também totalmente viável, pois a plataforma pode ser adotada de forma faseada, alinhando esta adoção com as etapas de geração de valor, ou seja, crescendo de forma incremental.

Em Portugal já existem implementações em produtivo ou prospects? Em que setores?
Sim, em Portugal já existem implementações em fase piloto pré-produtivo e está previsto que avancem para produção nos próximos meses. Esta adoção é transversal a todos os setores, pois todas as empresas estão empenhadas em entender como poderão diferenciar-se com recurso à IA. Por outro lado, como o watsonx permite governar todo o ciclo de vida de construção de modelos de IA, incluindo as dimensões ética e regulatória, as empresas estão a olhar para a adoção desta plataforma como uma oportunidade de mitigar os riscos normalmente associados à IA.

Oportunidades para a rede de parceiros IBM

De que forma esta plataforma vem dinamizar novas oportunidades de negócio na rede de parceiros e integradores?
A rede de parceiros e integradores é uma peça chave na estratégia da IBM e continuamos a nossa transformação no sentido de gerar mais oportunidades para os nossos parceiros de negócio, sendo o watsonx uma excelente solução adicional para ajudar a percorrer este caminho. Vemos várias possibilidades para que os nossos parceiros se possam posicionar em serviços de maior valor acrescentado ao prestar serviços às empresas nesta área tão importante para a sua competitividade, como por exemplo, adotarem a plataforma em si e a partir daí prestarem serviços a empresas de menor dimensão que ainda não dispõem de massa crítica para uma adoção em escala dentro da própria empresa. A plataforma watsonx permite às empresas passar a criar IA, em vez de serem simples utilizadores e este ponto diferencial abre uma grande oportunidade para que todos os prestadores de serviços que trabalham no nosso ecossistema se possam também diferenciar.

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