IBM reforça investimento no sector financeiro
A IBM quer capitalizar a hegemonia que conquistou no sector financeiro com os sistemas mainframe e levá-la para a nuvem e para a nova era de computação cognitiva. Mas ainda são poucas as instituições financeiras que estão a tirar partido das ofertas cognitivas da gigante, nomeadamente através do supercomputador Watson.
«A maioria dos nossos clientes financeiros não está a usar capacidades cognitivas, mas estão a ponderar investimentos na área», admite Michael Curry, vice presidente de engenharia de Watson Financial Services na IBM. A empresa acredita que há três casos de utilização principais: maior conhecimento sobre os clientes finais, deteção de fraudes em pagamentos, seguros e lavagem de dinheiro, e conformidade regulatória. «Estamos a treinar modelos especificamente para resolver este tipo de problemas», explicou o responsável, numa conversa à margem do IBM InterConnect 2017.
A estratégia da empresa passa por um reforço do investimento no ecossistema de fintechs e no lançamento de uma plataforma dedicada ao sector, IBM Cloud for Financial Services. No primeiro caso, trata-se de uma iniciativa que junta 14 parceiros e pretende acelerar a inovação em serviços financeiros. «Convidámos os parceiros a trazerem as suas API», indica Curry. Segundo ele, todas estas empresas «estão a inovar rapidamente. Queremos oferecer um ambiente onde podem combinar as suas capacidades com as nossas, desde o Watson e blockchain a analítica, e assim construir aplicações rapidamente».
Entre os parceiros selecionados estão empresas estabelecidas e startups, como a Dow Jones, a Quovo, PolicyPal e Accern.
Já a IBM Cloud for Financial Services é uma espécie de nuvem para programadores, com um conjunto de API específicas desenhadas para entidades financeiras. «Fomos buscar capacidades ao nosso portfólio, como algoritmos, risco empresarial, deteção de fraude e outras áreas para atender serviços financeiros e com integração no Bluemix”» resume Michael Curry. «O objetivo é, além das nossas API, ter um ambiente vibrante em torno de áreas onde vemos muito investimento neste momento: pagamentos, gestão de ativos e seguros».
Tom Eck, diretor de tecnologia de plataformas para a indústria, acrescenta que a intenção é também usar o Watson para desenhar ofertas verticais, além das soluções horizontais que já estão disponíveis – aprendizagem de máquina, analítica, base de dados como serviço.
«E se a Watson Conversations, uma plataforma que compreende o que uma pessoa está a dizer, fosse treinada com informação sobre os serviços financeiros?», questiona. É uma forma de democratizar o acesso a inteligência artificial que não “assusta” as empresas.
A mensagem global é que a computação cognitiva é uma ferramenta capaz de diferenciar as empresas do sector, em especial incumbentes, face a uma nova onda de startups que estão a causar disrupção na indústria. Por exemplo, permitir personalização para o Millennial que já não quer ir a um balcão.
«Os bancos com quem estamos a trabalhar querem envolver os clientes de forma mais eficiente e evitar perdê-los para a concorrência», adianta Suzanne Livingston, responsável de estratégia e operações no Watson Financial Services. «Eles precisam de estar em conformidade regulatória, e veem toda esta disrupção a sair das novas fintechs. Têm grandes quantidades de dados, mas não sabem o que fazer com eles para oferecer uma experiência melhor» sustenta a responsável. É pouco provável que digam à IBM que querem uma “caixa de conhecimento”, mas mais cedo ou mais tarde, indica, vão precisar de analisar os dados e descobrir os padrões que se escondem neles.
No ano fiscal de 2016, as receitas da IBM derivadas de soluções cognitivas tiveram um crescimento modesto, 1,4% para 5,3 mil milhões de dólares – com foco na nuvem, analítica e segurança. Já as receitas provenientes da IBM Cloud deram um salto de 35%, atingindo os 13,7 mil milhões de dólares; mais interessante que isso, as soluções cloud-as-a-service dispararam 63% e representaram a maioria do total de receitas na nuvem.
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