Inovação portuguesa promete reforçar o ecommerce mundial
A Beevo levou o seu modelo de negócio à Websummit e Rui Cruz, CEO da empresa, considera que foi um passo acertado. «Todas as pessoas com quem falámos, sem exceção, reconheceram a utilidade do que estávamos a fazer. Conseguiram ver a Beevo no futuro», assinala o responsável. A empresa de Braga procurou potenciar o clima de networking mundial gerado na Websummit a favor do seu desenvolvimento e Rui Cruz admite que sinalizou na agenda «muitas reuniões com investidores, parceiros, clientes e outras startups».
As portas dos mercados estão entreabertas e Rui Cruz assume que ele e a sua equipa estão preparados para esgueirar-se à procura das oportunidades que espreitam no mercado de ecommerce mundial e procuram investidores que queiram embarcar na aventura global.
Ntech.news – Como surgiu a Beevo?
Rui Cruz – A Beevo surge dentro da Bsolus que existe desde 2007. Durante muito tempo todos os nossos parceiros nos diziam que queriam vender as plataformas que desenvolvíamos. O que fazíamos não estava preparado para ser vendido por terceiros, e aí pensamos onde queríamos estar daqui a 10 anos. Em 2012 juntamos uma equipa de investigação e de desenvolvimento constituída por quatro elementos, que passou um ano a planear o que é hoje a Beevo. Após um ano de planeamento, escolha de tecnologias e preparação para financiar o projeto, a Beevo começou a ser desenvolvida em finais de 2013. O desafio era responder à revolução industrial e tecnológica 4.0 em curso e podermos ter software de ecommerce para ser vendido por parceiros. A nossa resposta a esse desafio é a Beevo – Business Ecommerce Evolution, como o próprio nome indica é a visão de uma equipa para evolução das plataformas de ecommerce. Uma plataforma e uma equipa com ambição mundial.
Quantas pessoas constituem a equipa?
A equipa é constituída por 25 pessoas permanentes. Depois existe um conjunto de conselheiros portugueses e estrangeiros que nos ajudam a planear e a definir o futuro. Este é um projeto de investigação e desenvolvimento que vive de pessoas. Felizmente Portugal nesse aspeto está cheio de talento. É uma equipa muito especializada, grande maioria licenciada em universidades portuguesas. De realçar a ambição de toda a equipa em criar um produto de nível mundial. De querem ser os melhores naquilo que fazem.
Quais os objetivos da plataforma?
De forma clara a Beevo é uma software house que desenvolve soluções para ecommerce. Produz uma plataforma chamada Beevo para os parceiros distribuírem a nível mundial. O objetivo principal é atingir este patamar mundial. Ganhar esse reconhecimento e partilhá-lo em equipa. As metas estão bem definidas e são claras: ter um country manager em cada um dos mercados que definimos como chave na nossa estratégia e nos próximos dois anos atingir a meta de 100 clientes de referência nestes países; garantir o financiamento para um road map extremamente ambicioso; conseguir atrair para Portugal alguns dos melhores recursos mundiais na área de ecommerce,. Para além disso, queremos atingir pelo menos o patamar dos challengers no quadrante mágico da Gartner, sendo que o grande objetivo é chegar ao dos leaders.
O que a distingue a vossa plataforma de ecommerce?
A Beevo foi desenvolvida de raiz nos últimos dois anos e meio sem ter que obedecer ao compromisso com o passado. Foi pensada para ser o futuro, é muito difícil para um software com muitos anos de mercado fazer esta disrupção que estamos a fazer. Mais rápida, inteligente, fácil e eficiente (upgradable) são estas as características que distinguem a Beevo. Desenvolvemos um modelo de arquitetura muito moderno, o que torna a plataforma mais rápida, além disso, dispõe de um sistema de business intelligence transversal a toda a plataforma, que faz com que seja orientada às preferências dos utilizadores e a modelos preditivos para o futuro. Outras das vantagens para os clientes prende-se com o fato da Beevo ser construída sobre o modelo de web parts, o que faz com que a plataforma tenha atualizações permanentes tanto a nível de tecnologia como de processos de negócio. O ciclo de vida da plataforma é muito maior, maximizando o investimento do cliente e mantendo o cliente focado no seu negócio do dia-a-dia. Além disso, investimos muito na interface com utilizadores, tornando-a mais fácil de utilizar e mais rápida de implementar, e culmina na existência de um rigoroso processo de certificação que faz toda a diferença na implementação. Os clientes que utilizam a Beevo vão para a corrida da informação com uma vantagem competitiva muito grande.
Investidores procuram-se
Têm um investimento previsto na ordem dos 750 mil euros. De onde vem este dinheiro? Qual o destino deste investimento?
Temos um investimento realizado de mais de um milhão de euros nos últimos três anos em investigação e desenvolvimento. Principalmente em pessoas, aconselhamento e conhecimento. O primeiro investimento foi feito pela Bsolus. Agora com a saída planeada da Beevo para uma nova empresa independente, estamos a procurar investidores que estejam interessados em investir nesta fase e caminhar connosco para uma boa ronda de investimento série A. O negócio já tem tração própria e não depende do investimento para continuar a crescer, mas queremos crescer mais rápido, acelerar o road map e acima de tudo ter ao nosso lado um investidor que nos ajude a concretizar a nossa ambição mundial.
Estar referenciada como Start 100 da Websummit foi importante?
As Start 100, são 100 empresas que a organização do evento seleciona para destacar de uma forma diferente perante os investidores e visitantes. A etiqueta Start evidencia que a startup já passou a fase de conceito, que tem clientes, que já tem facturação e acima de tudo uma tendência de crescimento acelerado. No meio de tanta informação este destaque é muito importante. Sem dúvida que nos potenciou a presença. Ter esse reconhecimento no meio de tantas empresas estrangeiras e nacionais, é também um reconhecimento que motiva a equipa e os nossos clientes.
Quem são os clientes que têm?
Clientes como a Unicer, Ornimundo, Sotecnisol, ou a StockolmsElbolag, viram na Beevo a evolução do seu negócio. Os nossos parceiros distribuidores estão neste momento a negociar clientes muito importantes para nós. O negócio está com uma tração muito grande e vamos continuar a trabalhar para continuar a evoluir com os nossos clientes e parceiros.
Que parcerias estão a desenvolver?
A Beevo é representada por parceiros distribuidores a quem chamamos country managers. São empresas estabelecidas em diferentes países que serão responsáveis pela distribuição da Beevo. Queremos que eles consigam chegar ao maior número de grandes empresas possíveis. Estamos cá para ajudá-los nessa missão. O foco está nas médias e grandes empresas. Estamos a criar uma rede profissionalizada de parceiros a nível mundial, têm que ser parceiros com um histórico grande de ecommerce com um potencial grande de crescimento. Temos também os parceiros tecnológicos, com os quais queremos trabalhar para incorporar a tecnologia deles. Temos vários identificados em Portugal já.
Ambição mundial
Que oportunidades vêm em Portugal?
Portugal é e será o nosso centro de investigação e desenvolvimento, estamos sedeados em Braga e queremos manter grande parte do desenvolvimento cá. Temos talento a sair das universidades todos os anos. Queremos ajudá-los a potenciar e superar esse talento.
Queremos também trazer talentos de ecommerce de outros países e participar ativamente na construção de um mercado tecnológico altamente criativo em Portugal.
Que outras geografias são estratégicas?
A Beevo nasceu com ambição mundial. Foi pensada de raiz para isso. Durante os dois próximos anos temos um foco muito grande nos países da União Europeia. A nós cabe-nos desafiar as plataformas já existentes nos mercados mais exigentes. Todos os países Escandinavos, UK, Alemanha e França são o nosso foco principal. Não vamos desperdiçar uma boa oportunidade que surja num país noutra latitude, desde que seja muito bem estruturada. Ambicionamos chegar ao maior mercado mundial de ecommerce, os Estados Unidos com muito músculo. Vamos para lá quando nos sentirmos preparados. A expansão será feita com parceiros locais a quem chamamos country managers. Empresas com muita experiência em ecommerce que queiram evoluir para uma plataforma e modelo de negócio mais moderno e mais evolutivo.
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