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«Mantemos uma perspetiva otimista para a área de Professional Services da Noesis e a expectativa de crescimento»

Micaela Gonçalves, Professional Services Director da Noesis

Publicado em 29 Abril 2020 por Cristina A. Ferreira - Ntech.news | 2183 Visualizações

No outsourcing, como em qualquer outra área de atividade das empresas, o impacto da crise sanitária é inegável, mas Micaela Gonçalves, Professional Services Director da Noesis, acredita que a tecnológica continua a ter condições para fechar o ano a crescer nesta área. 

Micaela Gonçalves falou com o Ntech.news sobre os desafios à gestão de uma atividade que é aposta de centenas de empresas em Portugal, numa altura em que muitos novos projetos de outsourcing foram colocados em stand by, mas em que também há uma dificuldade acrescida para cativar recursos que, além de escassos, estão menos disponíveis para arriscar mudanças. 

A responsável deixa ainda assim uma perspetiva otimista. Garante que já se identificam os primeiros sinais no mercado de uma tendência para a normalização e também acredita que a competição na procura de perfis TI continuará intensa depois do pico da pandemia. Provavelmente ainda mais intensa.  

Ntech.news: Os serviços de outsourcing são uma aposta forte de muitas empresas portuguesas neste momento, como também acontece na Noesis. Que impactos está a ter esta pandemia na sua procura/manutenção, no vosso caso concreto e em geral no mercado? 

Micaela Gonçalves: A situação de pandemia provocou impacto na economia e nas empresas de uma forma geral e a área de Professional Services da Noesis não foi exceção. Este impacto tem-se refletido sobretudo nos novos negócios, ou seja, nos processos que tínhamos previsto arrancar por esta altura e que ficaram suspensos devido a esta situação. No início do estado de emergência o foco dos nossos clientes e das organizações em geral foi garantir a continuidade do negócio e assegurar a colocação dos seus colaboradores em trabalho remoto e em segurança. Neste contexto, naturalmente, o arranque de novos projetos passou para segundo plano. 

Também a Noesis, durante esse período, esteve empenhada em apoiar os nossos clientes e assegurar aos nossos colaboradores, colocados nesses clientes, todas as condições necessárias para essa mudança. A nossa principal preocupação foi a de assegurar a continuidade dos serviços prestados com a mesma qualidade de sempre. 

Com a estabilização desta situação, começamos agora a notar por parte do mercado uma tendência para alguma normalização. Alguns clientes começam a reavaliar os processos suspensos, o que nos dá perspetivas de otimismo moderado para os próximos tempos.

Esse impacto estende-se aos processos de recrutamento? Como?

M.G.: Naturalmente que todo este período de incerteza está a ter impacto nos processos de recrutamento. Desde logo por existir uma menor predisposição para mudanças profissionais neste período, principalmente num sector como o nosso que é altamente competitivo, de pleno emprego e onde a competição pelo talento é muito forte. Continuamos a receber candidaturas e continuamos ativamente à procura dos melhores talentos e dos melhores candidatos para os processos que temos em aberto com os nossos clientes. Também a suspensão de alguns processos, como referi anteriormente, teve reflexo, necessariamente, na nossa atividade de recrutamento.

Em termos operacionais, o impacto é mínimo. O facto da Noesis ser uma marca reconhecida, forte e credível no mercado, quer junto dos candidatos, quer junto dos clientes, é também um fator favorável.

No 2º trimestre ocorrem normalmente várias feiras de emprego ligadas a universidades, que este ano foram canceladas. Recrutavam aí? Quais são as alternativas? 

M.G.: Continuamos a fazê-lo remotamente, não se notando grande impacto nesse aspeto. Mantemos a nossa procura ativa por talento, não só nas feiras de emprego virtuais, mas também nas iniciativas do Pitch BootCamp, do qual somos parceiros, e que se têm realizado de forma virtual, com boa adesão por parte dos candidatos.

Que iniciativas estão a levar a cabo para ultrapassar os constrangimentos nos canais habituais de recrutamento e na menor disponibilidade dos recursos para a mudança? O que tiveram de mudar e que mudanças acredita que podem ter vindo para ficar?

M.G.: A principal mudança foi sobretudo na forma de trabalhar, que passou a ser totalmente remota, quer em termos de entrevistas com candidatos, quer nas reuniões com parceiros e clientes. Sempre pautámos a nossa atuação por uma grande proximidade com os nossos clientes, é fundamental entender as suas necessidades, especificidades, conhecer o negócio, por forma a prestar um serviço de qualidade e selecionar os melhores candidatos para o projeto. Por isso privilegiamos a interação presencial, é mais eficiente e é também um dos fatores que nos diferencia no mercado, metodologia que esperamos retomar após esta situação.

Esses ajustes estendem-se à formação ou já recorriam sobretudo a processos digitais neste domínio?

M.G.: A formação remota já era também uma realidade “pré-covid-19”, ainda assim, recorríamos maioritariamente à formação presencial. Também esta área está a reinventar-se e temos assistido a um grande dinamismo e a uma crescente oferta formativa remota e baseada em processos digitais. Acredito que esta situação será também uma oportunidade para que se experimentem novos modelos, o que será positivo.

Quantas pessoas tem a Noesis nesta área, neste momento?

M.G.: Neste momento a área de Professional Services tem cerca de 180 colaboradores.

Recrutam apenas em Portugal ou também noutros países e para integrar cá ou noutras subsidiárias? 

M.G.: Recrutamos pessoas de todo o mundo para integrarem os nossos projetos em clientes em Portugal.

Que tipo de projetos integram os vossos colaboradores desta divisão e que competências dominam aí?

M.G.: Os nossos colaboradores integram sempre projetos na área de Tecnologias de Informação nos mais variados sectores de mercado, nomeadamente Banca, Seguros, Telecomunicações, Retalho, Indústria, Serviços, Energia e Sector Público.  A área de Professional Services é composta por perfis que vão desde o suporte aplicacional, desenvolvimento aplicacional, integração de sistemas, arquitetura de software, análise funcional e gestão de produto, gestão de projetos waterfall e agile, desenvolvimento Web, Webdesign, Usabilidade e User Interface e Business Intelligence.

Quando regressarmos à normalidade possível acredita que teremos alguma/s alteração importante nos perfis de talentos mais procurados nas TI, ou na tipologia dos serviços de outsourcing?

M.G.: Em termos de perfis de TI acredito que não existirão alterações significativas, mas acreditamos que esta situação poderá originar um período de retoma com uma ainda maior procura de perfis, para colmatar todas as necessidades de desenvolvimento e de transformação digital que muitas organizações se viram forçadas a acelerar. Ainda assim, esta tendência de aumento da procura de recursos técnicos qualificados nas áreas de Tecnologias de informação já era uma realidade nos últimos anos, o que nos deixa uma perspetiva otimista para o período pós-covid-19.

Quanto esperam faturar este ano nesta divisão e quanto representará isso no total da receita e face ao ano anterior?

M.G.: Com a situação atual e as consequências, ainda imprevisíveis, que terá na economia, é prematuro avançar números ou previsões. Vários organismos de referência nacional e internacional antecipam um cenário de crise económica em Portugal e a nível global. Ainda assim, mantemos uma perspetiva otimista em relação ao desempenho da área de Professional Services da Noesis e temos uma expectativa de crescimento face ao ano passado. No início do ano estimámos um crescimento próximo dos 10% de volume de faturação. Esta previsão poderá ser, eventualmente, revista, mas mantemos a ambição e a expectativa de crescimento. 


Publicado em:

Na Primeira Pessoa

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