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Micro data centers aproximam-se do negócio

Publicado em 21 Dezembro 2016 | 1390 Visualizações

Um pequeno bastidor de 24U ou um conjunto de 10 bastidores na forma de smartbunkers, ou um contentor de 40 pés, são  unidades de data center que prometem fazer a diferença nesta nova Era a que a Schneider chama de edge computing. O poder de processamento está mais perto do negócio, dos utilizadores e das fontes de dados, numa espécie de conceito que Guillermo Entrena, solution offer manager da Schneider Electric, chama de computação de proximidade. O tipo de proximidade que o crescimento do número de dispositivos ligados e do volume de dados impõe para que a latência e a largura de banda não falhem na hora “H” e comprometam a operacionalidade dos sistemas e das organizações.

 

Ntech.news – As empresas já perceberam o que é o edge computing?

Guillermo Entrena – A procura por este tipo de soluções é grande e nota-se o interesse dos clientes nas temáticas relacionadas com a descentralização do data center. Há uma oportunidade enorme nesta nova área de computação de proximidade e ela está a mudar, significativamente, a nossa presença no mercado.

Quer dizer que descentralizar vai voltar a ser uma tendência?

Trata-se de um ecossistema. Não estamos a dizer que tudo vai ser micro ou regional. Na nossa opinião o modelo hibrido é o que vence e, nesse sentido, vão continuar a existir ecossistemas de cloud pública para determinado tipo de aplicações, ou regionais para gestão de infraestruturas, no entanto há uma nova oferta de aplicações de fornecedores de TI que estão a fazer uma campanha para a hiperconvergência de TI, que vão impor naturalmente a existência de micro data centers. O ciclo de vida dos equipamentos também vai sustentar uma mudança muito grande no sentido desta hiperconvergência, que vai afetar de uma forma geral todas as empresas. Estamos perante um cenário global de mudança.

É esta mudança que vai ditar o crescimento do edge computing?

É um mix de tudo. Há um conjunto de novas aplicações emergentes que precisam de latência mais pequena e que vão determinar que as infraestruturas fiquem mais perto do utilizador final e a hiperconvergência dá a resposta.

Que tipo de aplicações/tecnologias e ecossistemas darão essa motivação ao edge computing?

As aplicações de balcão, a IoT, o real time, as aplicações próprias de fábrica, ou as aplicações hospitalares que exigem agilidade na capacidade de processamento e na resposta às solicitações dos profissionais. Há várias motivações para puxar a infraestrutura para perto das fontes de dados.

Como está a ser a recetividade do mercado?

Estamos a falar com clientes de segmentos diferentes. Da banca ao setor automóvel, passando pelas indústrias e pela saúde. A ideia é mostrar-lhes as vantagens de consolidarem pequenas infraestruturas com tudo dentro que respondam a áreas criticas, como é por exemplo uma área de RX para a saúde. A ideia é levá-las a capitalizarem o valor da solução para o negócio.

Como justificam esta opção pela descentralização do ponto de vista dos custos/investimentos, numa altura em que todos os cêntimos contam?

Em muitos casos vai ser o cliente, por necessidade própria, a dar esse passo, quer seja por estar ligado a aplicações de real time ou num cenário de consolidação da infraestrutura em determinado ponto da organização. Os clientes que têm grandes salas de TI vão poder converte-las em algo diferente, ou seja, em espaços que forneçam valor para o negócio, que sejam centros ativos de criação de valor.  Com os micro data centers não vão ser necessários espaços para albergar os datacenters, com todos requisitos de construção envolvidos.

Mas como se traduz isto na equação de custos para o cliente?

A soma dos custos extra com as infraestruturas que já têm vai ser menor do que os investimentos num data center regional. Vamos reutilizar infraestruturas que sobram, nomeadamente espaços que já existem. O TCO é mais baixo e o ROI é mais facilmente alcançado porque o investimento é menor.

Esta descentralização de datacenter vai diminuir o investimento do datacenter regional?

O investimento vai ser distribuído.

Fala em reconversão, até que ponto há reutilização de recursos já existentes nas organizações?

As peças são dadas como mortas de acordo com o ciclo de vida atual dos equipamentos, que  são mais curtos. Há uma viragem nos prazos de investimento de 5 para 3 anos. Porém, as infraestruturas preparadas para a expansão são mais flexíveis.

Que questões colocam os clientes perante estes micro data centers?

Questões relacionadas com a standardização. Estamos a falar de infraestruturas muito mais standard e homogêneas. Soluções que já vêm com tudo dentro. Os departamentos de tecnologia e gestão de infraestrutura querem soluções standard para gerir remotamente. A exigência de prazos mais curtos para entrega dos data center e de soluções mais pré-integradas é também frequente. Os tempos de entrega estão a ficar mais curtos. Se antes se demorava entre  6 a 8 semanas a entregar uma solução completa, hoje demora-se duas a três semanas. Os clientes querem infraestruturas mais robustas e redundantes, no menor espaço de tempo possível.

 

Há um novo estímulo para o canal com o edge computing

Com o edge computing como pano de fundo de um novo contexto de centros de dados, Guillermo Entrena diz que há um volume de oportunidades maior do que nos últimos três a quatro anos para o desenvolvimento do negócio nesta área. «Antes muitos clientes estavam a enviar serviços não críticos para a cloud pública, tirando o investimento da componente de infraestrutura» relembra o solution offer manager da Schneider Electric. Agora a tendência é para que exista uma viragem e «estamos a detetar oportunidades em segmentos de mercado que até agora não tínhamos e em setores e lugares que não estavam preparados para receber um data center. Neste ponto, Guillermo Entrena garante que os parceiros estão a ir a novos mercados, «com uma perspetiva de crescimento muito grande».


Publicado em:

Na Primeira Pessoa

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