Mobile World Congress 2017: O ano dos bots, do 5G e das estrelas improváveis
Os números oficiais da GSM Association revelam que passaram por Barcelona na última semana para assistir ao evento 108 mil pessoas de 208 nacionalidades, número que traduz um crescimento de 7% face a 2016. Empresas a garantir presença no maior evento mundial de comunicações móveis foram 2.300, contribuindo para um impacto financeiro do evento que se estima este ano ser de 465 milhões de euros.
E nos últimos dias foram muitas as novidades que desfilaram pela capital catalã. Sem surpresas, o 5G foi este ano um dos temas em destaque. A tecnologia só deverá chegar aos utilizadores em 2020, mas há muito que os fabricantes se preparam para a transição e foram a Barcelona mostrar o trabalho de casa.
A Ericsson, um dos maiores fabricantes mundiais de redes, foi uma das mais ativas nos anúncios relacionados com o tema. Aproveitou o evento para dar nota de várias parcerias. Um dos acordos vai juntar a empresa à BT e ao King’s College London para desenvolver projetos 5G de suporte de serviços de missão crítica.
Outra parceria anunciada pela fabricante sueca nesta área envolve a Comau, especialista em produtos, sistemas e soluções de automação industrial. As duas empresas vão colaborar para explorar o potencial do 5G em projetos relacionados com o desenvolvimento de serviços e soluções inovadoras na Indústria 4.0 e na fabricação inteligente, tendo por base tecnologias de quinta geração móvel. Um dos grandes motes da colaboração é «demonstrar os benefícios das soluções de Internet of Things (IoT) para a automação industrial», admitem as empresas.
Nesta área do IoT, que deu suporte a muitas outras novidades apresentadas na feira, a Ericsson foi protagonista de mais um anúncio, ligando-se à Panasonic para juntas disponibilizarem soluções energéticas inteligentes e sustentáveis a operadores móveis, empresas de torres (de telecom) e outras, que combinam IoT, analítica e Big Data para tornar as redes mais inteligentes e potenciar poupanças. As estimativas apontam para uma diminuição do custo total de propriedade até 20% com a utilização da solução.
O primeiro smartphone 5G foi a Barcelona
Também a Samsung, que costuma aproveitar o MWC para apresentar algumas das suas maiores novidades do ano, voltou a dirigir boa parte das fichas para a área do consumo – não mostrou o novo smartphone topo de gama, ficou-se pelos novos tablets – mas não quis deixar de explicar como se está a preparar para a próxima geração móvel. Aproveitou por isso a ocasião para apresnetar novos chipsets, soluções de infraestrutura e routers domésticos com capacidade de transferência de dados até 1 Gbps.
Mas uma das novidades mais mediáticas do evento foi mesmo o primeiro smartphone 5G do mercado. É da ZTE, que o apresenta assim, mas para já é apenas um equipamento conceptual, que pretende mostrar a capacidade da marca para fazer funcionar a tecnologia num produto “consumível”. A capacidade de transferir dados a um débito próximo do Gbit por segundo é o principal atrativo do equipamento e foi isso que a marca demonstrou durante o evento. Não atingiu a promessa máxima mas esteve lá perto.
Bots, os novos melhores amigos das empresas
A inteligência artificial foi outra área em grande destaque na feira, que serviu de palco a dezenas de apresentações relacionadas com o tema. Os bots são definitivamente uma das grandes tendências do momento. São pequenos programas que permitem simular ações humanas e que podem ser usados pelas marcas para personalizar a comunicação em chats online, por exemplo. Em Barcelona apresentaram-se serviços e plataformas que os permitem criar e uma é portuguesa. Foi apresentada pela Wit Software.
Os destinatários da nova plataforma de bots para messaging da empresa de Coimbra são operadores de telecomunicações e prestadores de serviços. Promete-se uma solução alinhada com os requisitos de escalabilidade e alta-disponibilidade necessários e suporte para diferentes interfaces de messaging. Para mostrar que sabe do que está a falar, a empresa encontrou aliás uma forma divertida de apresentar a sua tecnologia de bots a funcionar e levou para a feira um que também era um dispensador de cerveja.
Portugal fez-se este ano representar em Barcelona com 16 empresas a expor, nem todas nos pavilhões principais da feira. Um dos maiores investimentos nacionais no evento, no que se refere ao espaço de exposição, coube à Celfocus, empresa que resulta de uma parceria entre a Vodafone e a Novabase e que hoje exporta 90% do seu negócio. Foi mostrar a solução Cellfocus Omnichannel que pretende «proporcionar uma experiência unificada ao cliente, assegurando que a operadora tem toda a sua informação e histórico sempre atualizado, independentemente do ponto de contacto», como explicava antes numa nota de imprensa. Em Barcelona juntou-se a alguns «dinossauros» do evento, como a We Do Technologies ou a Aptoide que há vários anos consecutivos representam Portugal na feira.
A Aptoide, que mantém uma das maiores lojas de aplicações para Android do mundo (excluindo a da própria Google) levou uma nova imagem a Barcelona, um número para partilhar e um objetivo para 2020. Revelou que já soma 150 milhões de utilizadores na loja e que em três anos quer chegar aos mil milhões.
Pelos palcos de Barcelona passaram ainda dezenas de apresentações que mostraram que a cloud é cada vez mais o suporte por excelência de qualquer negócio e da tão falada transformação digital, mas uma das coisas que certamente também fará esta edição do evento ficar para a história é o facto de ter acolhido dois regressos improváveis: O Nokia 3310, o mais histórico dos smartphones da fabricante que já foi a número um mundial dos telemóveis e da BlackBerry aos telemóveis, que já deu cartas no segmento empresarial.
Este segundo regresso aconteceu pelas mãos de terceiros, uma vez que a fabricante canadiana está agora focada apenas no software e licenciou a marca para os equipamentos, mas tal como o primeiro mostra que na tecnologia há sempre espaço para o improvável. Vamos ver quanto…
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