Mudar o mundo com um transporte revolucionário… porque não?
A proposta do Hyperloop One é ambiciosa: transportar carga e passageiros à velocidade de um avião e ao preço de um autocarro. Elon Musk sonhou e investidores como Shervin Pishevar acreditaram e explica porquê.
O fecho da primeira edição da Web Summit em Portugal fez-se com os olhos postos no futuro, num futuro que aparentemente vai chegar até antes do previsto pelos que o estão a construir.
O presidente da Tesla, que tem ficado conhecida pelos seus carros elétricos e que é também fundador da SpaceX, imaginou um sistema de transportes futurista, capaz de diminuir drasticamente o tempo necessário para fazer uma viagem por via terrestre, os custos e o impacto ambiental.
É um sistema de propulsão que funciona em vácuo e que atinge velocidades na ordem dos 1200 km/h e pode transportar passageiros ou carga, numa cápsula que se move dentro de tubos de aço.
Elon Musk desenhou o conceito e divulgou-o, mas considerou que já tinha em mãos desafios suficientes e não a desenvolveu, mas rapidamente houve quem o fizesse, criando a Hyperloop One, que está a dar forma ao conceito. E ao contrário do que muitas vezes acontece em projetos tão inéditos como este, o tempo previsto para concretizar a ideia e os investimentos estimados não têm aumentado, mas diminuído e o primeiro troço deste comboio ultrarrápido deve estar pronto a funcionar já no próximo ano.
Shervin Pishevar, um dos fundadores da Hyperloop One, é também um dos principais investidores no projeto e é graças ao seu dinheiro e ao de outros investidores que, entretanto, se juntaram ao projeto, que o Hyperloop acelerou para a realidade.
Como fez questão de sublinhar na sessão da Web Summit em que participou esta quinta-feira «começámos há dois anos numa garagem e em dois anos chegámos aos 200 empregados e a um investimento de mais de 100 milhões de dólares». E o sonho está cada vez mais perto de se transformar em realidade.
Mas afinal o que leva um investidor a arriscar tanto e a abraçar um projeto tão disruptivo como o do Hyperloop? «Tudo o que é disruptivo interessa-me», admitiu Shervin Pishevar, que no currículo tem investimentos em dezenas de startups, o mais mediático e provavelmente o mais bem-sucedido é recente e foi na Uber, na fase embrionária da empresa.
«Muitas vezes são tiros no escuro», admite, mas é também daí que vem o potencial de ter em mãos uma grande ideia. São áreas onde a própria regulação quase não existe «mas é nesse delta que estão as maiores oportunidades para um investidor».
No caso do Hyperloop é mais do que isso. «Quando olhei para este negócio percebi que o mundo não estava a investir em infraestruturas como devia e que se o fizesse podia de facto encurtar distâncias e dar-nos mais tempo», um bem cada vez mais precioso, revelou.
Para além disso é preciso «redesenhar as cidades, para serem limpas e bonitas, em vez de aglomerados de estradas» e a «nossa geração precisa de encontrar respostas» para um conjunto de questões que põem em causa a sustentabilidade do planeta. Shervin Pishevar acredita que encontrou uma forma de participar nessa resposta.
O sistema que fará funcionar o Hyperloop vai recorrer a energias renováveis, como o sol, e terá um custo de instalação mais baixo que o de uma alternativa convencional. O primeiro troço a tornar-se realidade vai ligar Dubai e Abu Dhabi, que estão a 154 km de distância. De carro a viagem demora cerca de duas horas, no Hyperloop vai demorar 12 minutos.
Quanto maiores forem as distâncias, mais impressionante é o ganho de tempo que o novo sistema pode proporcionar e a preços acessíveis. Uma ligação Melbourne – Sidney, na Austrália, que de carro demora mais de oito horas e num comboio rápido perto de 3h, no Hyperloop demorará 41 minutos.
Para os que se questionam sobre os efeitos da velocidade em estômagos mais sensíveis, o diretor de engenharia da Hyperloop One, Josh Giegel, também este na conferência e garantiu que o sistema é «amigável para idosos e crianças e à prova de vómito». Quem mora no Médio Oriente terá a possibilidade de validar esta garantia em primeira mão.
Quando o projeto nasceu o plano era outro, com o primeiro troço previsto para fazer a ligação entre São Francisco e Los Angeles. Os testes de propulsão que validaram o conceito, realizados em maio, ainda aconteceram nos Estados Unidos, mas os milhões árabes acabaram por desviar a rota do primeiro troço comercial do Hyperloop para o Dubai.
O DP World Group, o terceiro maior operador de portos do mundo, investiu 50 milhões de dólares no projeto para ver nascer a primeira linha do Hyperloop no país, que vai transportar carga.
No transporte para passageiros os promotores do projeto estão a trabalhar na possibilidade de ligar um sistema de carros autónomos ao Hyperloop, capaz de ir buscar o passageiro a casa ou ao escritório e entregá-lo diretamente neste «supercomboio» e vice-versa.
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