«O Full Remote é uma nova exigência dos candidatos e as empresas são “obrigadas” a criar novas estratégias»
A Conquest One instalou-se em Portugal no verão passado com a sua plataforma CQ1 Talent Search, que agrega talento em diferentes áreas da tecnologia para responder às necessidades do mercado, em diferentes projetos. Portugal é o ponto de partida na estratégia de internacionalização e a base escolhida para fixar um hub de recrutamento internacional.
Joana Crispim, Business Unit Director da Conquest One Portugal, falou com o Ntech.news e explicou o posicionamento da empresa, os aspetos que diferenciam a sua abordagem ao mercado e o que move os recursos mais disputados do mercado, num ano em que o volume de projetos TI disparou.
Ntech.news: Em que fase é que estão na consolidação de Portugal como hub de recrutamento internacional?
Joana Crispim: A Conquest Portugal está atualmente a criar parcerias com empresas portuguesas e internacionais, que estão a trabalhar em Portugal, para apoiar todos os seus processos de Recrutamento e Seleção. Em Portugal percebemos que existe uma grande escassez de profissionais de TI, dado o elevado número de projetos em curso. Devido à dimensão e à diversidade de recursos tecnológicos que existe na nossa base de dados, conseguimos oferecer uma solução ágil aos nossos clientes.
Apesar da escassez de profissionais que também constatam, encontraram em Portugal o “filão” de recursos de TIC especializados que procuravam?
Portugal tem de facto profissionais de grande qualidade, e com competências específicas muito procuradas em todo o mundo. O forte investimento internacional em Portugal e a grande procura pelo talento português não é por acaso. Mas isto não significa que não exista escassez. Queremos claramente enriquecer a nossa oferta de recursos com talento nacional, mas o nosso objetivo é ajudar os nossos clientes a encontrar soluções para as suas necessidades de recrutamento, nas mais distintas áreas. E neste campo, a nossa grande mais valia é que temos uma vasta oferta de profissionais de IT altamente qualificados, que operam em diferentes geografias e que têm a capacidade de responder à procura que existe em Portugal.
Onde estão a descobrir estes profissionais?
A nossa história enquanto empresa posiciona-nos no mercado brasileiro (+20 anos), mas sempre atuámos muito direcionados para o mercado internacional. Na Conquest One olhamos para os profissionais de IT tendo por base o seu know how e não a sua geografia. Notamos que os nossos clientes e parceiros se mostram cada vez mais recetivos a olhar para o mercado internacional, no sentido de gerar modelos de recrutamento alinhados com as suas necessidades e exigências. Iremos continuar a olhar para o mercado brasileiro, queremos crescer em Portugal, mas acima de tudo iremos manter sempre um posicionamento internacional na sinalização dos profissionais especializados, pois o nosso foco de atuação é cada vez mais global.
Que percentagem da vossa base de talento já é português? Como querem fazer evoluir essa percentagem?
Todos os dias divulgamos oportunidades em diferentes áreas de TI, com distintos modelos de trabalho (híbrido ou remoto). A nossa plataforma coloca à disposição dos profissionais de TI vários projetos em todo o mundo, desde os mais simples aos mais complexos e desafiantes. São oportunidades únicas de trabalharem para quem quiserem, em qualquer ponto do planeta. Não nos limitados ao mercado português e brasileiro. Enquanto empresa Internacional, procuramos também candidatos de várias geografias. O Full Remote é uma nova exigência dos próprios candidatos e, dada a escassez, as empresas são “obrigadas” a criar novas estratégias e a olhar para os candidatos tendo por base o seu conhecimento técnico e capacidade de falar outros idiomas, e não a geografia onde se encontram.
Nesta “caça” ao talento, como reagem os profissionais à abordagem? Todos têm o seu preço?
Os profissionais têm cada vez mais consciência do seu valor. O mundo acelerou o seu processo de transformação tecnológica, principalmente no último ano, devido à situação pandémica. Ou seja, o número de novos projetos de TI aumentou significativamente e vai continuar a aumentar. Esta adaptação e evolução tecnológica é crucial para as empresas conseguirem manter os seus negócios e competitividade. Não há como fugir. Devido a esta nova realidade, os profissionais têm inúmeras opções de escolha no mercado profissional e, com toda a legitimidade, critérios de seleção mais exigentes. Um deles é o aumento substancial dos seus salários. Este é muitas vezes um tópico polémico, mas não nos podemos esquecer que estes profissionais estão permanentemente sob enorme pressão em termos de resultados rápidos e de datas de entrega de projetos. As exigências do mercado são muitas. Tudo isto, como é normal, agregado à escassez de recursos que existe, faz com que a pretensão salarial seja mais elevada.
Argumentos como o desenvolvimento de carreira ou outros continuam a ser determinantes para quem escolhe uma empresa para trabalhar?
Efetivamente, existem profissionais que não se movem somente por questões salariais e procuram desenvolvimento de carreira, estabilidade e segurança. Nem todos procuram o trabalho que paga melhor. Procuram o mais desafiante, o que a prazo lhes dá melhores oportunidades profissionais, projetos de empresas com um determinado “nome” no mercado. O equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é também um ponto cada vez mais valorizado.
Portugal é terreno fértil para os recrutadores de perfis profissionais de tecnologias de informação e comunicação. Como se distinguem entre os muitos “caçadores” de talento?
A Conquest One segue uma metodologia um pouco diferente. Os nossos recrutadores não se limitam a enviar candidatos. Reunimos com os clientes para avaliar as necessidades, expectativas, os seus modelos e processos de trabalho para criarmos planos de atuação o mais alinhados possível com a realidade cultural e estrutural do cliente. O nosso objetivo não é colocar um técnico numa empresa. É colocar o técnico mais ajustado ao projeto e à cultura empresarial, só assim conseguimos um match perfeito e evitamos problemas de incompatibilidade, turnover e insatisfação. A Conquest One oferece sempre um processo integrado de contratação e gestão de talentos, validação de compatibilidade técnica, comportamental e cultural.
Se vos pedisse que descrevessem a vossa carteira de talento made in Portugal, como a descreveriam?
A nossa carteira de talento é maioritariamente constituída por especialistas altamente qualificados nas mais distintas áreas das TIC. São profissionais sénior, maioritariamente acima dos 30 anos, já com muita experiência e provas dadas no mercado de trabalho.
O que é que os profissionais têm como garantido ao entrar na vossa plataforma?
Um único registo liga os profissionais a milhares de oportunidades em todo o mundo. Além disso, a Conquest One segue uma visão “human-centered” e oferece o melhor onboarding de profissionais de tecnologia do mercado, não é à toa que fomos reconhecidos pela décima vez como uma das melhores empresas de tecnologia para trabalhar no Brasil, e pela 3ª vez conquistámos também o ranking nacional do Great Place To Work – entre as empresas com 100 a 999 funcionários.
Como está a ser a resposta dos clientes à vossa proposta de valor?
Os clientes estão bastante recetivos e curiosos em relação às nossas soluções de recrutamento e seleção, e à proposta de valor que oferecemos para o seu negócio. Valorizam a experiência de mercado que trazemos, e a nossa capacidade de entrega em termos de consultores especializados.
Que tipo de empresas já possuem na vossa carteira?
Atualmente temos clientes internacionais de grande porte que atuam também em Portugal e clientes portugueses que têm vindo a crescer no panorama internacional. Não podemos ainda divulgar os nomes dos clientes nacionais, mas estamos a falar de empresas de diversos setores como TI, Telecomunicações, Saúde, Banca, Serviços e Retalho.
Quais os maiores desafios/dificuldades que estas empresas vos confidenciaram ter na hora de reter e contratar talentos TIC?
A escassez de profissionais recetivos a fazer carreira nas empresas, o facto de estes serem muito mais exigentes em termos de projetos e, obviamente, a capacidade de acompanhar a expectativa salarial dos mesmos, face às várias abordagens do mercado.
Que competências são mais procuradas por estas empresas?
As competências, atualmente, não são muito diferentes daquelas que já existiam antes da pandemia. As empresas continuam à procura de consultores que consigam criar compromisso com os seus modus operandi, dedicação e experiência técnica e, cada vez mais, conhecimentos ao nível de idiomas, visto que as empresas, sobretudo de IT, atuam com equipas em diferentes geografias. Ao nível técnico as competências mais procuradas são: .NET, Java, Salesforce, Outsystems, Cloud, DevOps, QA Automação, Data Scientist, Data Engineer e SAP.
Quais são hoje as competências mais raras e as mais fáceis de encontrar?
Com a rotatividade que se sente cada vez mais neste mercado, diria que o compromisso – “o vestir a camisola” – é uma das competências que está em maior risco. No entanto, ao nível técnico as competências técnicas mais raras de encontrar são: Outsystems, Flutter e Salesforce Marketing Cloud. Ao nível técnico as competências mais fáceis de encontrar no mercado são: Helpdesk, Administração de sistemas windows, SRE e analistas funcionais.
Pensam em fomentar áreas de reconversão de talento para as TIC para aumentar o número de perfis especializados ou desenvolver as competências digitais que são procuradas ou emergentes?
A Conquest One enquanto consultora, atua nas duas frentes, pois precisamos ser flexíveis e entender o que o mercado nos exige. Criar um só modelo de atuação torna-se limitativo. Procuramos ativamente disponibilizar formações aos nossos consultores, alinhadas com o seu know-how técnico, mas também apoiamos a realização de novas formações e certificações, que lhes permitam movimentar-se para outras áreas técnicas, progredindo na carreira. Temos ainda programas internos onde os CQOnes participam – palestras e workshops que são promovidos pela Conquest One, mas onde eles podem também partilhar o seu conhecimento liderando alguns desses encontros
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