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O futuro da mobilidade passa pelos carros autónomos, táxis voadores e trotinetas

Publicado em 6 Novembro 2019 por Cristina A. Ferreira e Cláudia Sargento - Ntech.News | 1215 Visualizações

As novas soluções de mobilidade voltaram a ser um dos temas em destaque na edição deste ano da Web Summit. Há milhares de empresas a desenvolverem soluções e produtos nesta área e muitas estão no evento, nas áreas de exposição e nos palcos da feira, a explicar ao que vêm e como pretendem ganhar um espaço nas cidades do futuro. 

Brad Bao, fundador e CEO da Lime, representa uma geração de soluções de mobilidade que Portugal (sobretudo Lisboa) conhece bem: as trotinetas. 

Num dos painéis em que participou, o responsável admitiu que o mercado onde a Lime se movimenta, sendo um mercado novo, está ainda a ajustar-se e à procura do seu verdadeiro modelo de negócio, sem valorizar os receios dos investidores em relação à viabilidade das empresas nesta área vs todo o hype criado à sua volta. 

Brad Bao não tem no entanto dúvidas que este tipo de veículos tem espaço garantido nas soluções de mobilidade do futuro e apontou duas grandes razões para isso: parte significativa das viagens que fazemos todos os dias são de curta duração e de um único passageiro. E juntou-lhe o fator custos: «por cada milha percorrida uma trotineta gasta 1% do que gastaria um automóvel». 

O impacto ambiental das trotinetas é outro argumento da Lime, que aliás é um argumento de peso na generalidade das novas propostas para nos deslocarmos em ambiente urbano. Seja por terra ou por ar, a eletrificação das soluções é a palavra de ordem. 

Faltam infraestruturas para termos táxis voadores 

Outras duas propostas de mobilidade urbana a marcar presença neste terceiro dia da Web Summit foram as da Lilium e da Volocoter. Ambas a criar táxis que se vão deslocar no ar. 

Alexander Zosel, voltou a pisar o palco da Web Summit, já cá tinha estado no ano passado, para contar que a empresa que ajudou a criar está cada vez mais perto de transformar o sonho em realidade. Os testes aos protótipos estão prontos e o aval das autoridades de aviação, em vários países, garantido. A empresa inaugurou até há dias o seu primeiro porto, em Singapura, que permite quatro aterragem e levantamentos por hora.

Falta agora o passo decisivo: criar as infraestruturas para aterragem e decolagem destes aparelhos que, admitiu, «obrigará a investimentos de vários milhões». O responsável garantiu, ainda assim, que o processo «está no bom caminho». 

Além das físicas, também as infraestruturas digitais serão uma componente indispensável na gestão destes novos meios de transporte, que existirão em grandes quantidades e para vários fins em qualquer grande cidade, antecipou Zosel. Ambos são processos em curso, disse o responsável, sublinhando que «o principal trabalho neste momento é cooperar com as autoridades para criar um ambiente seguro». 

Ainda assim a empresa acredita que num prazo de dois a três anos estarão reunidas as condições para lançar a Volocopter e os seus serviços em duas ou três cidades, em diferentes continentes. 

Lilium promete táxis voadores ao preço de um taxi normal

O táxi voador da Lilium Aviation levará mais algum tempo a chegar. Espera-se uma versão comercial para 2025. O protótipo, o Lilium Jet, foi apresentado em maio mas a empresa está a avançar depressa, garantiu Daniel Wiegand. Foi criada em 2015 e conta já com 400 pessoas a trabalhar no projeto. 

Segurança, ruído reduzido (10 vezes menos intenso que o de um helicóptero), preço acessível e impacto nulo no ambiente são os grandes argumentos dos criadores deste veículo elétrico aéreo, que vai custar o mesmo que apanhar um táxi, garante Wiegand. 

As contas para a competitividade do preço são estas: o táxi aéreo vai viajar seis a sete vezes mais rápido que um táxi convencional e com uma carga de passageiros, por hora, duas a três vezes superior.

Carros (mesmo) autónomos só em 2025

Enquanto esperamos pelo táxi voador da Lilium, o mais certo é continuarmos também à espera de carros que permitam uma condução realmente autónoma. O conselho é dos especialistas da Renovo Auto, Osram Opto e Autonomous Intelligent Driving, que se juntaram no palco AutoTech

Outra das grandes conclusões deste debate sobre a inteligência dos automóveis está na dimensão do desafio que se coloca hoje à indústria, com a eletrificação dos automóveis e a condução autónoma. O paradigma mudou e os especialistas em mecânica estão a ter de se especializar em software, um componente que sempre foi marginal na atividade e na maior parte dos casos era mesmo subcontratado, concordaram os oradores.  

2025 foi também a data apontada por Xiaodi Hou, cofundador e CTO da TuSimple, para podermos dispensar o volante: «Lá para 2025 acredito que já será possível termos os primeiros carros totalmente autónomos e sustentáveis nas estradas.» A falar para uma Altice Arena totalmente cheia, Xiaodi Hou disse ainda «não ser possível confiar totalmente nas redes 5G em matéria de condução autónoma» motivo pelo qual defende que «os carros devem poder operar-se sem dependerem de nenhuma rede em particular».

Num painel onde se tentava prever o futuro dos automóveis a cinco anos, ouvimos ainda Sam Zaid, fundador e CEO da Getaround, explicar que desenvolvem tecnologia para perceber «os comportamentos dos condutores, o que procuram, quando e porquê» e desta forma, «perceber melhor a condução em si».

Corinne Vigreux, cofundadora da Tom Tom falou de algo essencial à condução nos dias de hoje: sistemas de orientação e navegação. A Tom Tom é sobejamente conhecida pelos seus GPS, que nos ajudam a ir do ponto A ao ponto B sem nos perdermos. Mas Corinne Vigreux defende que um GPS deve fazer mais do que isso: «Ajudar à condução em dias de mau tempo, muita chuva ou nevoeiro cerrado é apenas uma das possibilidades; outras passam por disponibilizar informação em tempo real sobre acidentes que acabam de acontecer ou estradas cortadas, poupando tempo aos condutores.»


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