OCDE: Portugal deve reforçar aposta na formação digital das PME
Um estudo da OCDE sobre Portugal, divulgado esta sexta-feira, reconhece que o país está a recuperar bem da crise da COVID-19 e sublinha que Portugal «deveria aproveitar o seu Plano de Recuperação e Resiliência, financiado pela UE, para acelerar a transição ecológica e digital, concentrando-se nos projetos com maior impacto económico e social»
O documento destaca que no futuro será fundamental acelerar a transição digital para adaptar a economia portuguesa ao mundo pós-pandémico e promover o crescimento da produtividade, que se tem mantido abaixo da média da OCDE nas duas últimas décadas. São sugeridas um conjunto de iniciativas para acelerar esta transição digital.
No que toca às empresas, a OCDE sugere que seja alargada a cobertura dos programas para que as pequenas empresas possam «receber formação digital, serviços de aconselhamento e informação sobre segurança e privacidade, após uma avaliação exaustiva do seu impacto».
O relatório aponta a falta de conhecimentos e de competências na área das tecnologias digitais, como negativas para a adoção de ferramentas digitais nas pequenas empresas e nota que as PME têm dificuldade em implementar medidas de cibersegurança e cumprir a legislação em matéria de proteção de dados, por causa destas lacunas. Os programas previstos no PRR para esta área podem ter um papel importante para alterar a situação, admite-se.
No consumo, aponta-se a importância do fim das restrições à mobilidade dos consumidores impostas pelos operadores de telecomunicações, «por exemplo, limitando a inclusão de cláusulas de fidelização nos contratos e prestando informações mais transparentes sobre a qualidade dos serviços», concretiza o relatório. No documento defende-se mesmo que os preços da banda larga em Portugal são relativamente altos e que a «elevada concentração do mercado no sector das telecomunicações e a baixa mobilidade dos consumidores são indicadores de uma pressão concorrencial insuficiente».
Na área da educação, a OCDE sublinha a importância de alargar a disponibilização de recursos digitais adequados, incluindo formação contínua regular para os professores, sobre a utilização das TIC.Continuar a promover a inscrição de mulheres nas áreas de CTEM, reforçando as campanhas de comunicação e o contacto precoce com projetos de TIC, são outras sugestões nesta área, bem como a possibilidade de criar uma conta pessoal de formação profissional para adultos, com vales mais generosos para os trabalhadores pouco qualificados.
Citado no relatório, o secretário-geral da OCDE, Mathias Corman, sublinha que para se manter no bom caminho «será fundamental otimizar a intensidade e a qualidade da recuperação, através de uma maior produtividade e acelerando as transições digital e verde» do país.
Para este ano espera-se um crescimento do PIB português na ordem dos 4,8%. Em 2022, a expectativa também é de crescimento, na ordem dos 5,8%. O resumo do estudo pode ser consultado aqui.
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