Portugal mostra avanços na área de eficiência energética

Dois grandes projetos de melhoria da eficiência energética em edifícios têm a participação de Portugal e serão apresentados na próxima segunda-feira na sede do ISQ no Tagus Park. Trata-se do ClimACT e do MOEEBIUS, ambos com financiamento europeu e pilotos a serem implementados no mercado português.
«Ambos têm como princípio base que os desenvolvimentos sejam partilhados e co-criados com a comunidade», explica ao Ntech.news, Ricardo Rato, engenheiro do ISQ responsável pelos dois projetos. O seminário Descarbonização da Economia – Novos Desafios para os Edifícios irá reunir cerca de 100 participantes dos sectores interessados, entre gestores de edifícios, empresas de serviços de energia, construção e facility management. Haverá também uma apresentação por parte da Comissão Europeia, que tem uma série de objetivos quanto à descarbonização dos edifícios – isto é, esforços concertados para reduzir a pegada de carbono de qualquer tipo de instalações.
No caso do ClimACT, os edifícios são as escolas. Este é um projeto financiado pelo programa Interreg SUDOE e abrange Portugal, Espanha, França e Gibraltar. As escolas portuguesas que estão a participar na fase inicial situam-se em Loures, Amadora e Gaia. «O ClimACT está centrado na transição para escolas de baixo carbono», explica Ricardo Rato. «Tem um conjunto de desenvolvimentos técnicos e ferramentas web para facilitar esta transição, desde a eficiência energética da escola, acessos e transportes, qualidade do ar interior, gestão de resíduos, desmaterialização de processos e gestão da água».
Um dos ângulos que está a ser trabalhado pelo ISQ é o dos contratos de desempenho energético. A ideia é que as empresas de serviços de energia e as escolas consigam colaborar para baixar a pegada de carbono de uma forma diferente. Por exemplo: se uma análise à eficiência concluir que a caldeira está a funcionar mal, a empresa de serviços de energia substitui-a com um contrato deste género – a escola não paga à cabeça, mas sim uma percentagem das poupanças que vai conseguir ao longo do tempo com a nova caldeira.
O ISQ está agora a realizar auditorias e deverá apresentar resultados substantivos do projeto, que tem a participação também do Instituto Superior Técnico, da Edigreen e da Associação Bandeira Azul da Europa, ainda este ano.
O outro projeto em análise é o MOEEBIUS, que o ISQ já tinha ido apresentar na NASA em Pasadena, Califórnia, no final do ano passado. O seu financiamento vem do programa europeu de investigação e inovação Horizonte 2020 e tem como propósito a diminuição das lacunas de desempenho abaixo dos 10% e a redução do consumo energético em 35%.
«Este projeto visa desenvolver uma plataforma que consiga ao mesmo tempo monitorizar um edifício e prever o consumo adequado», sintetiza Ricardo Rato. Esta plataforma web poderá depois ser utilizada em larga escala por todo o tipo de organizações. O ISQ está agora a definir com a Câmara Municipal de Mafra, que é o outro parceiro português, o plano para a implementação de sensores e controlos nos edifícios, algo que estará a funcionar até ao final do segundo trimestre.
O que o ISQ pretende com esta apresentação pública é chamar a atenção para projetos que têm potencial para operar grandes mudanças na forma como os edifícios são planeados e geridos em Portugal. «Apesar de terem uma participação forte nacional, estes projetos ainda não têm a visibilidade suficiente», sublinha Ricardo Rato.
O evento contará com intervenções do diretor geral da Energia e Geologia, Mário Guedes, e do diretor do departamento de edifícios da ADENE, Rui Fragoso.
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