Preparar o pós-pandemia hoje. O que é mesmo importante?
Os números não são animadores. Um estudo da OCDE divulgado no início de abril indicava que Portugal era a 11ª economia mais afetada pela pandemia na sua capacidade produtiva, durante as medidas de confinamento. A análise avaliou o impacto destas medidas em 47 países. Outros estudos antecipam que serão necessários anos para recuperar dos efeitos desta paragem abrupta a nível mundial.
Escusado será por isso dizer que eficiência e agilidade ganharam um lugar ainda mais importante na estratégia das empresas, que se preparam para aprender a tirar partido das novas oportunidades do mercado, enquanto limitam danos e perdas dos últimos meses.
Quisemos saber que prioridades as empresas não podem descurar na preparação deste mundo pós-pandemia e responsáveis de cinco empresas, com soluções tecnológicas em diferentes áreas, aceitaram o desafio e têm várias sugestões.
Francisco Rodrigues, sales director da GSTEP, acredita que a prioridade das empresas deve passar por apostar cada vez mais na eficiência de processos e no acesso simples e rápido a informação fidedigna.
«Num futuro próximo, não será possível reunir toda a gente numa sala e fazer um alinhamento estratégico e é fundamental que os colaboradores compreendam de forma clara quais os objetivos da empresa e que métricas serão utilizadas para os medir», justifica.
Aposta na transformação digital não pode parar
Na mesma linha, Sara Oliveira, COO e Head of Consulting Services da Create IT, considera fundamental que as empresas «continuem os processos de transformação digital, permitindo que a localização física dos colaboradores não seja impeditivo para que possam desempenhar as suas funções».
A desmaterialização de processos é um dos ingredientes-chave para sustentar novos modelos de operação que, como se sabe, segue a vários ritmos no tecido empresarial das PME, mas é também para Nuno Figueiredo, board member da Abaco Consulting, elementar para ultrapassar limitações que em momentos de crise podem fazer a diferença.
«Temos de eliminar tudo o que não seja ágil e que não nos permita ter um modelo de negócio rápido a reagir». Para o responsável este é o impulso que as empresas não podem desperdiçar para se tornaram digitais nos seus processos de venda, na produção, nos modelos de recrutamento ou gestão de carreira, sem esquecer a modernização das ferramentas de monitorização e acompanhamento de saúde e segurança no trabalho, que podem apoiar uma reação rápida em futuras situações críticas.
«Olhar para a nuvem e para as ferramentas de colaboração como aliados para a produtividade e para o teletrabalho como uma oportunidade para as empresas e não só para os colaboradores» são outras máximas, deixadas pela COO da Create IT.
Estudar o que correu bem e mal antes de seguir em frente
Um futuro cada vez mais alicerçado em tecnologia e mobilidade das equipas exige uma aposta maior em ferramentas de suporte ao teletrabalho, na segurança da infraestrutura tecnológica e em «planos de continuidade de negócio que garantam o seu funcionamento durante eventos inesperados que possam surgir no futuro», destaca também José Vilarinho, CEO da Opensoft. Avaliar o que correu bem e menos bem durante as medidas impostas pelo surto covid-19 é essencial para preparar o melhor possível o futuro, a este nível, defende o responsável.
Mas como nem só de tecnologia se fazem as estratégias de sucesso, os nossos interlocutores apontam mais alguns aspetos importantes nesta tarefa ímpar de desenhar o futuro, sem conhecer ainda todas as regras do jogo.
Pedro Sousa, diretor comercial da Randstad, encabeça a lista de prioridades que devem estar na mente de qualquer empresa à data de hoje, com a segurança do regresso ao trabalho, que complementa com relevância e experiência.
A primeira, a relevância, que vê hoje como condição essencial – baseada em ações e na própria oferta – para que cada empresa consiga relacionar-se e garantir o seu espaço perante clientes, colaboradores e sociedade. A segunda, a experiência, refere-se à experiência que cada empresa é capaz de proporcionar àqueles que com ela se relacionam o que, na opinião do responsável, se tornou ainda mais relevante nesta fase.
Francisco Rodrigues, da GSTEP, complementa, salientando que também hoje mais do nunca, o sucesso passa pela capacidade de criar empatia para tentar chegar a todos e de manter o foco naquilo que se faz bem e que representa uma oportunidade de diferenciação.
Soluções para agilizar a resposta
Estas, tal como muitas outras empresas, lançaram iniciativas próprias para ajudar apoiar o mercado nesta fase de incerteza e na preparação do que virá a seguir. Incluem-se neste leque a disponibilização gratuita da plataforma Diggspace (Create IT), a criação de um kit digital de serviços com um conjunto de ferramentas para apoio ao recrutamento, seleção, formação e gestão de pessoas, como fez a Randstad, ou a disponibilização de uma solução de atendimento por videoconferência, para minimizar os constrangimentos das empresas com uma forte componente de atendimento presencial, como fez a Opensoft são exemplos.
A GSTEP optou por canalizar o seu contributo para uma iniciativa gratuita, lançada em conjunto com fabricantes de software, para trabalhar os dados das organizações no âmbito da Covid-19, com o objetivo de contribuir para acelerar a análise de informação e a obtenção de insights relevantes.
A Abaco Consulting decidiu aprofundar as funcionalidades da ferramenta Safemed, uma solução criada pela tecnológica para gerir requisitos de segurança e saúde no trabalho, um apoio na gestão de planos de contingência e na monitorização do estados dos colaboradores.
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