Que aspeto terão os primeiros humanos em Marte? A ciência já tem algumas respostas

As viagens a Marte fazem há muito parte do nosso imaginário. A ficção científica alimenta o imaginário, a evolução tecnológica tem-se encarregado de criar soluções para nos pôr na rota do planeta vermelho e a verdade é que já estivemos mais longe. Mas conseguirá o corpo humano adaptar-se à vida em Marte? Scott Solomon, da Rice University, foi um dos oradores do terceiro dia de Web Summit e veio ao evento responder à pergunta: Que aspeto terão os primeiros humanos em Marte?
Radiação e falta de gravidade foram os dois obstáculos que o cientista mais referiu para uma vida humana “tranquila” no planeta vermelho. Sabe-se aliás hoje, até pelos estudos realizados com os astronautas que permanecem durante alguns meses na Estação Espacial Internacional, que ambos os factores provocam danos, que vão desde um enfraquecimento da estrutura óssea e muscular, a danos no ADN e nas células que, em última análise, são uma via para o cancro.
Contas feitas, os primeiros impactos da vida fora da Terra seriam negativos e levariam a mutações como as que podem provocar o cancro, mas as conclusões não são assim tão lineares. «Há mutações que podem ser boas», sublinhou Scott Solomon, dando o exemplo da quantidade de melanina que a pele produz para se defender da radiação solar. Em Marte, com uma radiação elevada o corpo humano produziria mais melanina, ficaríamos com um tom de pele mais escuro e mais resistentes a uma agressão. Ou seja, a teoria de que os marcianos são verdes, dificilmente se aplicaria a marcianos humanos, admitiu Solomon.
Tal como produziria mudanças para se adaptar a um nível de radiação maior, o corpo humano produziria outras mudanças para se adaptar às outras alterações ao seu habitat natural e tudo isso aconteceria a um ritmo mais rápido que na Terra, onde o organismo não está sujeito a pressão para uma reação acelerada.
Humanos em Marte ou marcianos que vieram da Terra?
Conclusão, a evolução seria a nossa única chance e pelo que já sabemos hoje aconteceria e aconteceria rapidamente, não só com com o corpo humano, mas com os micro-organismos que gravitam à nossa volta e que são fundamentais para o nosso equilíbrio. Mais uma vez, as experiências associadas à vida na Estação Espacial Internacional têm ajudado a mostrar que a adaptação orgânica é mais rápida em ambientes hostis.
Voltando aos humanos, Solomon deu o exemplo de uma mulher que viajasse da Terra para Marte e lá engravidasse. O enfraquecimento da estrutura óssea e muscular seriam problemas para suportar o peso do bebé, mas a informação genética que passaria de mãe para filho já incluiria instruções para melhorar estas fraquezas, explicou o professor.
Ou seja, o desfecho de uma vida em Marte será provavelmente a “evolução para uma nova espécie”, acredita Solomon, que fechou a apresentação com uma frase de Stephen Hawking, onde o cientista defendeu que a única hipótese do ser humano garantir a sobrevivência será indo para o espaço. «Não deixa de ser irónico que a única forma de manter a nossa existência nos vá alterar para sempre», sublinhou o professor da universidade de Houston, no Texas.
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