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Para que as empresas valorizem a realidade aumentada, primeiro é preciso conhecê-la

Publicado em 12 Abril 2017 | 1943 Visualizações

Luís Martins | IT People

A realidade aumentada não é, de todo, uma tecnologia recente. Na década de 1950 já existiam projetos direcionados para a aviação que sobrepunham informações de voo no campo de visão dos pilotos. Mas tal como acontece em muitas áreas, são precisas várias décadas de desenvolvimento até que determinadas tecnologias tenham o seu verdadeiro momento de grandiosidade.

É o que tem estado a acontecer com a realidade aumentada. Devido ao amadurecimento de várias tecnologias e ao desenvolvimento de novos formatos, o conceito está a ficar mais comercial. Já existem smartphones com hardware e software dedicado para experiências de RA. Já existem aplicações que tornam comum a utilização de elementos de RA – basta lembrar o sucesso de Pokémon GO. E já existem projetos de maior perfil, como os Microsoft HoloLens, que nos ajudam a perceber qual o caminho que a realidade vai tomar.

Este é também um dos objetivos do RALI, um evento português dedicado à realidade aumentada e que é organizado pela IT People Innovation. A tecnológica já desenvolve projetos de RA há seis anos, mas só em 2015 é que decidiu promover a tecnologia através de um evento onde ‘respira-se’ realidade aumentada.

No dia 28 de abril vai decorrer a quarta edição do RALI. O evento vai ter lugar na sede da Microsoft Portugal, em Lisboa, e os interessados podem fazer a inscrição na página oficial do evento.

Tal como o Ntech.news já tinha dado conta, a IT People confirmou a participação de três oradores influentes no segmento da realidade aumentada na próxima edição do RALI. A Super Ventures, um fundo de investimento e incubação de empresas de realidade virtual, tem presença confirmada através do seu fundador Ori Inbar. O diretor executivo da Aliança Empresarial para a Realidade Aumentada (AREA na sigla em inglês), Mark Sage, também é um dos oradores convidados. Está ainda confirmada a presença do diretor de pesquisa da IDC EMEA para o segmento de comunicações móveis e sector de consumo, Francisco Jerónimo.

O Ntech.news entrevistou por email o diretor de marketing da IT People Innovation, Luís Martins, a propósito do evento que se realiza no final deste mês.

 

Ntech.news – Esta já é a 4ª edição do RALI. Quais as grandes novidades desta edição?

Luís Martins: O RALI tem tido um crescimento constante, o que demonstra bem como o tema da Realidade Aumentada desperta interesse. O nosso primeiro RALI aconteceu há dois anos no LX Factory e à medida que esta tecnologia começou a ganhar mais destaque, o evento foi também crescendo em profissionais e empresas. Este ano queremos primeiro que tudo reforçar o ambiente informal e de troca de experiências entre profissionais e curiosos de Realidade Aumentada – é um espaço importante para o nosso setor tecnológico. Nesta 4ª edição, o tema principal é o da mudança que a Realidade Aumentada já trouxe à nossa vida. E nesse sentido, convidámos três speakers fantásticos, que falarão destes temas pela primeira vez em Portugal. (…) A juntar a estas apresentações, o RALI 2017 contará ainda com workshops práticos e demonstrações de apps de RA para diversos setores, desenvolvidas para os óculos HoloLens, da Microsoft.

Na informação que partilharam, falam na existência de workshops. O que vamos poder encontrar a este nível?

Este ano teremos dois workshops práticos, onde especialistas nacionais vão explorar com grupos de profissionais a Realidade Aumentada aplicada ao imobiliário, à indústria e ao turismo. O objetivo está nos participantes esclarecerem as suas dúvidas na implementação de projetos de Realidade Aumentada nas suas empresas numa sessão de trabalho, de forma mais focada e menos dispersa.

Da experiência que têm de eventos anteriores, que tipologia de empresas têm mostrado interesse no RALI e no segmento da realidade aumentada?

Há dois anos os participantes vinham sobretudo do setor tecnológico. Hoje vemos uma diversidade muito grande de organizações, também devido ao esforço de evangelização que temos realizado – já temos estudos de caso onde a Realidade Aumentada cria valor para o retalho, turismo, arquitetura, indústria, medicina, publicidade… Essencialmente, quem visita o evento vem atrás desse valor, da resposta ao ‘What’s in it for me?‘. E neste momento já há muita prova dada pela Realidade Aumentada.

A realidade aumentada tem um forte sentido tecnológico, ou seja, é útil para criar ferramentas que ajudam as pessoas a resolver determinados problemas, mas também tem uma forte ligação à área do marketing. Destas duas componentes, qual diria que vai ser a mais procurada pelas empresas em 2017?

O Marketing e Publicidade rapidamente encontram aplicabilidade pela flexibilidade dos seus casos, do efeito ‘WOW‘ atual, enquanto a tecnologia não é mainstream. Mas acredito que os principais casos de estudo surgirão de outros mercados. Vemos, por exemplo, que promotoras imobiliárias já começam a permitir visitas às casas antes delas estarem construídas. Que municípios disponibilizam apps que permitem ter guias turísticos em holograma. Que escolas já utilizam a Realidade Aumentada para simular situações e transportar informação adicional para a intervenção em si, seja ela nas áreas da manutenção ou da medicina. E isto já foi feito, pelo que não estamos a falar do futuro, mas do passado.

Temos visto uma grande aposta da IT People Innovation no formato do RALI e também noutras parcerias – como a do Museu das Comunicações. Que retorno estas iniciativas têm trazido para a IT People Innovation?

Ninguém valoriza sem primeiro conhecer. Um dos nossos principais objetivos passa por continuamente promover a Realidade Aumentada como fator de transformação dos negócios. Iniciativas como o RALI ou a nossa recente parceria com o Museu das Comunicações (da qual teremos mais novidades em breve), ajudam-nos a posicionar os nossos produtos e o trabalho que desenvolvemos, ao mesmo tempo que aproximam as pessoas dos nossos pares internacionais – clientes, potenciais clientes, fornecedores, parceiros, entre outros. São uma forma de garantir a discussão do tema da Realidade Aumentada no nosso mercado e de permitir que cada vez mais profissionais e empresas tenham contacto com a tecnologia – e isso é crescimento do mercado.

Que análise fazem ao mercado da realidade aumentada em Portugal? É ainda residual ou já mostra sinais de força?

Estamos a arrancar. Os pioneiros já criaram os casos de estudo, temos empresas a desenvolver projetos disruptivos de Realidade Aumentada em Portugal, em setores como o turismo, arquitetura, retalho ou até entretenimento. Soluções como a App NOS TV, concebida para os Microsoft HoloLens são, sem dúvida, únicas no mundo. Aliás, como o Nuno Folhadela [CEO da Bica Studios] dizia no último RALI, é mesmo muito difícil estarmos a desenvolver os mesmos projetos em Realidade Aumentada – porque as possibilidades são tantas, que seria uma coincidência monumental. Uma coisa é certa: à medida que a RA se torna mais comum e que empresas e consumidor lhe reconheçam valor, mais e mais empresas vão começar a utilizar soluções de RA para acelerar processos, diminuir custos e aumentar as nossas capacidades. Ah, e impedir que o mundo seja governado por robots.


Publicado em:

Na Primeira Pessoa

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