No SAS Fórum todos estiveram de acordo: a analítica é incontornável

«Em 2008 não tínhamos qualquer informação analítica sobre os nossos clientes». A declaração é do administrador executivo do grupo José Mello Saúde, Rui Raposo, e foi dita como uma forma de espelhar a importância que a análise de dados assumiu dentro da empresa. «[Atualmente] Conhecemos ao detalhe o perfil de cada um dos nossos clientes. Isso foi possível com as ferramentas que agora estão disponíveis, conseguimos segmentar os nossos clientes», acrescentou.
O exemplo da José Mello Saúde foi apenas um de cinco que o SAS reuniu no seu evento anual realizado em Portugal, o SAS Fórum. Sentados à mesma ‘mesa’ estiveram ainda a EDP, a SIBS, a NOS e o Millennium BCP. Apesar de todos atuarem em áreas de negócio muito distintas, todos estiveram de acordo no mesmo ponto: a análise de dados é agora um fenómeno incontornável e indispensável.
«O tema da analítica está na linha da frente das prioridades estratégicas do grupo EDP» referiu o administrador executivo da empresa, António Martins da Costa. No caso da EDP a grande diversidade da própria empresa, assim como a dispersão do negócio – com a presença em 13 países – «torna tudo mais complexo», salientou o executivo.
Para endereçar esta complexidade a EDP definiu um plano estratégico até 2020 e que «tem a analítica como grande aposta», confirmou António Martins da Costa. «No passado um contador era medido uma vez por mês ou de dois em dois meses. Agora fazem 35 mil dados por ano e por consumidor, o que multiplicado por seis milhões dá muita razão para apostar na analítica», acrescentou.
Já a diretora executiva da SIBS, Madalena Cascais Tomé, revelou por exemplo que a análise de dados foi crucial para o desenvolvimento do mais recente produto da empresa, o MBWay.
O objetivo da SIBS a longo prazo é que os utilizadores possam ter no seu bolso, no smartphone, acesso às mesmas funcionalidades que têm nas caixas Multibanco. Mas quando se trata do lançamento de um novo produto, é preciso acertar nas reais necessidades dos utilizadores para que possa ter um início de sucesso.
«Fizemos um grande trabalho para perceber como eram os comportamentos do cliente. O MBWay surgiu para responder a duas necessidades – compras online e transferência de dinheiro entre pessoas», referiu a CEO da SIBS.
Apostar na transversalidade
Já o administrador executivo da NOS, Manuel Eanes, foi ainda mais taxativo: «Não há uma área do nosso trabalho que não envolva uma forma ou outra de analytics». Quando os utilizadores estão a interagir com o interface do sistema de televisão da NOS, por exemplo, a operadora de telecomunicações está a retirar conclusões que vão permitir evoluir o produto.
Outro ponto no qual a NOS está a fazer uma forte aposta na analítica é na criação de sinergias com várias entidades para a otimização de resultados tendo por base o conhecimento do cliente. Manuel Eanes deu depois um exemplo.
«Temos informação, anonimizada, de turistas que visitam Portugal. Esta informação permite-nos tirar insights para o turismo ou autarquias, permite-nos ter um detalhe muito fidedigno de qual foi a origem e qual foi o destino. (…) É muito potente a forma como usamos isto transversalmente».
Já o administrador executivo do Millennium BCP, José Miguel Pessanha, destacou a importância de as empresas não adotarem estas novas ferramentas poderosas apenas porque sim, mas de forma integrada com tudo o que já existe dentro das organizações.
«A minha principal mensagem é a absorção destas tecnologias à estratégia e à tática das organizações. Nós estamos perante um choque tecnológico muito importante, fortíssimo. O futuro vai ser diferente do presente, ninguém tem dúvidas, mas ninguém sabe o que será. É importante sabermos quais as decisões que vamos ter que tomar para entrar nesse futuro incerto. Que decisões vamos tomar hoje para estarmos preparados para esse futuro».
Dentro da área de analítica, José Miguel Pessanha destacou o papel dos sistemas de automação robótica de processos , que permitem uma boa capacidade de recolha de informação de várias fontes, informação essa que será depois crítica na tomada de decisões e na própria execução de processos dentro da empresa.
Ainda que estes sejam apenas cinco exemplos, são cinco exemplos bastante esclarecedores sobre a vitalidade e transversalidade das ferramentas de analítica. Nesta fase já nenhuma empresa considera os seus negócios sem uma forte vertente de análise de dados. Esta é uma tendência que vai ficar cada vez mais evidente nos próximos anos e vai começar a alastrar-se também para organizações de menores dimensões.
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