«Somos um projeto português para dominar o mundo»

Com um pé além-fronteira, a Pknoa reconhece que Portugal é um berço de boas iniciativas tecnológicas, mas o mercado continua a ser pequeno para as ambições da empresa. Maria João Mileu, CEO da Pknoa, revela ao Ntech.news que estão a preparar a internacionalização através de business developers em diferentes mercados e que a abertura de escritórios na Europa e nos USA deverá estar concretizada em 2018.
Ntech.news – Como tem sido a escalada da Pknoa desde a sua criação?
Maria João Mileu – Diria que tem sido uma escalada vertiginosa. Lançamos uma ronda de capital no verão de 2015, onde tivemos mais procura do que oferta. Em dezembro de 2015 redigimos o dossier e registámos o IP da nossa tecnologia em Nova Iorque. Em janeiro de 2016 fizemos o setup da operação com o recrutamento da equipa e as condições logísticas para o desenvolvimento do produto. E, tal como previsto no roadmap, no nosso plano estratégico, lançamos a primeira versão da plataforma DataSonar em janeiro de 2017.
Quantas rondas de financiamento fizeram até hoje?
Fizemos uma única ronda – seed – de 1,5 milhões de euros.
Como aplicaram esse dinheiro?
Abrimos a equity com um único objetivo e cumprimos. O dinheiro serviu exclusivamente para o desenvolvimento e lançamento da plataforma DataSonar. Neste sentido, o foco foi exclusivamente no produto e as abordagens ao mercado foram efetuadas cirurgicamente para aferir e alinhar o produto com as necessidades das indústrias.
É difícil vingar em Portugal? Trata-se de um país de oportunidades para a Pknoa?
Portugal está cada vez mais desperto para as novas iniciativas tecnológicas. Temos excelentes profissionais portugueses e é um orgulho para a equipa da Pknoa poder lançar um projeto empresarial no mundo do big data em Portugal. Contudo, o mercado português continua a ter uma dimensão reduzida, por isso gostamos de pensar que somos um projeto português para dominar o mundo.
Que balanço fazem de 2016?
O ano de 2016 foi de desenvolvimento do produto e, nessa medida, o balanço é muito positivo. Conseguimos antecipar uma versão beta em setembro de 2016, desenvolvemos vários projetos piloto com várias empresas em várias indústrias, e em todos elas conseguimos resultados que ultrapassaram as expectativas dos clientes e que confirmaram as nossas claims, e finalmente, lançamos a nossa versão oficial da DataSonar. Não obstante termos feito alguma faturação, o negócio é suposto acontecer a partir de agora.
EDP e ENI na rota de novos projetos
Quanto a clientes/projetos, o que trouxe 2016?
2016 foi o ano de desenvolvimento do produto e por isso não eram expectáveis vendas. No entanto, os projetos pilotos desenvolvidos em 2016 foram realizados em 10 empresas de diferentes indústrias e a maioria delas com atividade internacional (Espanha, Polónia, USA, Brasil, Colômbia…).
Que setores são estratégicos para a vossa oferta?
A nossa plataforma está pronta para servir todas as indústrias e setores de atividade que requeiram o tratamento e extração de valor de grandes volumes de dados, seja numa lógica operacional ou de gestão. Posicionamo-nos como um business enabler. Não obstante isto, acreditamos que o setor das utilities e do retail são o setores onde atualmente temos mais provas dadas. Neste momento temos projetos a correr num grande grupo internacional de retalho, na EDP e acabámos de regressar de uma sessão de trabalho com a ENI para avaliação de oportunidade de colaboração conjunta e onde as perspetivas são muito otimistas.
Em termos de internacionalização, qual a estratégia?
Para nós é inequívoco que teremos de ter presença internacional o quanto antes. Neste momento estamos a tentar alavancar as vendas no mercado internacional a partir de Portugal e através de algumas parcerias feitas com business developers com atividade em diferentes mercados. O passo seguinte é termos os nossos próprios business developers no mercado internacional e com a posterior abertura de escritórios já previstos no nosso plano estratégico para 2018 na Europa e nos USA.
Dos desafios que estabeleceram para 2017, qual o mais aliciante para a Pknoa?
Dos desafios identificados, a adaptação das arquiteturas de IT em plataformas integradas é onde os nossos clientes poderão obter maiores vantagens com a utilização do nosso produto.
Mesmo não havendo uma retoma generalizada do mercado, consideram que em 2017 as empresas vão investir?
A velocidade a que as mudanças acontecem não permitem que qualquer indústria se possa alhear das transformações tecnológicas em curso. Nesse sentido, sendo a nossa plataforma um business enabler com aplicação em diferentes setores, estamos confiantes no papel que podemos desempenhar no mercado, ajudando as empresas na sua transformação tecnológica.
Uma base tecnológica chamada DataSonar
A competitividade das empresas faz-se muito pela estratégia, mas também pela diferenciação e valor dos seus produtos. Onde reside a diferenciação da vossa oferta?
A nossa oferta assenta numa plataforma verdadeiramente full-stack, integrando desde o armazenamento de dados, às capacidades analíticas em tempo real, até à disponibilização de dashboards adaptados a cada negócio, o que em termos de mercado de big data e analytics acreditamos ser único ao nível mundial.
O DataSonar é o vosso único produto, ou possuem / pensam desenvolver outros?
DataSonar é uma plataforma de big data, é um business enabler sobre o qual podem ser construídas várias soluções de negócio. Não obstante podermos vir a desenvolver produtos verticais, o DataSonar será sempre a plataforma base.
Que tecnologias suportam a plataforma DataSonar?
A plataforma DataSonar foi integralmente desenvolvida de raiz, foi uma estratégia muito ambiciosa, mas que nos permitiu não ter dependências externas e gerirmos todos os componentes do produto de forma autónoma, tendo como resultado uma tecnologia proprietária da DataSonar.
Como é constituída a equipa da Pknoa?
Até ao momento a equipa foi constituída praticamente com perfis e funções de R&D com o objetivo de desenvolver a primeira versão do nosso produto até ao final de 2016.
Planeiam aumentá-la? Se sim, em que áreas?
A partir de agora vamos reforçar a equipa de R&D com outras competências necessárias à evolução do DataSonar e vamos criar a equipa para suporte ao desenvolvimento do negócio, nomeadamente as posições de marketing, vendas e suporte às vendas.
«Web Summit foi uma boa montra»
Maria João Mileu, CEO da Pknoa, não tem dúvidas de que a WebSummit foi «uma boa montra» para o DataSonar. «Tínhamos acabado de lançar a release beta do produto e por isso tínhamos já algo real para mostrar ao mundo», reconhece responsável.
Maria João Mileu destaca ainda os contactos com VCs internacionais, com parceiros e potenciais clientes estabelecidos durante o evento. «Alguns destes contactos já foram alavancados, nomeadamente na nossa ida a Silicon Valley e acreditamos que muitos deles vão dar frutos nos próximos tempos», acrescenta.
A CEO garante que o passaporte para a próxima edição da Web Summit já esta reservado, ou não fosse esse «o maior evento tecnológico com impacto mundial a ocorrer no nosso país».
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