«Temos feito progressos significativos após a nossa separação da Toshiba»
Damian Jaume, presidente da Dynabook Europa
Damian Jaume é o presidente da Dynabook na Europa, a empresa que comprou o negócio de computadores da Toshiba e que integra o grupo japonês Sharp.
Em conversa com o Ntech.news, fez um balanço do percurso no terreno, desde que a marca assumiu a operação da Toshiba. Explica o que mudou desde então, as apostas que não quer deixar de continuar a fazer e revela um pouco de como vê o futuro e a inovação que é preciso fazer para lá chegar.
Damian Jaume explica a importância do canal e do mercado empresarial, no negócio da Dynabook, mas sublinha que a empresa atua em várias frentes e destaca também a relevância dos mercados da educação e da logística na estratégia.
Ntech.news: Que balanço pode fazer da atividade da Dynabook desde que assumiu a “herança” da Toshiba na Europa?
Damian Jaume: Temos feito progressos significativos no estabelecimento de uma base sólida após a nossa separação da Toshiba Corporation, mesmo num ambiente dinâmico e mutável que é o meio tecnológico. Nos últimos anos, ganhámos grandes negócios, com o apoio e o investimento da Sharp a alimentar fortemente a nossa expansão. O nosso crescimento é evidente em muitas frentes, sobretudo em volume, alcance, e geografia.
Nos últimos dois anos afinámos a nossa marca e descobrimos o que funciona para nós: permanecer 100% dedicados ao canal, colocando as pessoas no centro do que fazemos
Damian Jaume, Dynabook
A nível de portfólio, conseguimos expandir-nos também, introduzindo novos produtos no mercado. Isto trouxe-nos de volta muitos parceiros, particularmente aqueles que estão a fazer transações com escolas e PMEs. E embora os computadores portáteis continuem a fazer parte integrante do nosso património e da nossa estratégia futura, também fornecemos agora outras soluções que não portáteis, de modo a satisfazer diferentes áreas do mercado. De modo geral, é um balanço bastante positivo.
Em termos de quota de mercado, os números têm correspondido às vossas expectativas?
Os números têm sido positivos, com crescimento sustentado, quer a nível europeu como no mercado português, nos diferentes setores em que nos especializamos.
Portugal acompanha a tendência do resto da Europa?
Como a Dynabook nasceu fora do Japão, é justo dizer que a nossa marca ainda não é tão forte como queremos que seja na Europa. Embora tenham sido feitos excelentes progressos até agora, precisamos de continuar a desenvolver o nosso brand awareness e fomentar a confiança na marca. Nos últimos dois anos afinámos a nossa marca e descobrimos o que funciona para nós: permanecer 100% dedicados ao canal, colocando as pessoas no centro do que fazemos, esforçando-nos continuamente por desenvolver novas tecnologias de qualidade e otimizando os nossos processos, desde a conceção e testes até ao apoio ao cliente. Portugal segue esta tendência, na medida em que se alinha com a realidade europeia e com os nossos objetivos para a mesma.
Nos últimos dois anos muito mudou na forma como usamos dispositivos digitais em ambiente pessoal ou profissional. Como têm procurado refletir essas mudanças na vossa oferta?
Expandimos largamente o nosso portfólio. O modelo de negócio da Toshiba PC Company centrava-se predominantemente nos Ultrabooks, com uma proposta de gama média e alta. À medida que adotamos a identidade Dynabook, renovamos a nossa oferta às novas necessidades do mercado. É na mobilidade que temos visto maior procura. O trabalho à distância revolucionou a forma como as pessoas desempenharam o seu trabalho na pandemia e como querem trabalhar no futuro.
O futuro da nossa oferta e do desenvolvimento de produtos para nós estará sempre relacionado com a procura, uma vez que sem uma necessidade ou benefícios reais, será difícil tirar os produtos da prateleira
Os trabalhadores esperam agora mais da tecnologia que têm no local de trabalho, e precisam de se sentir apoiados à medida que se readaptam a novas exigências laborais. É importante salientar aqui que o termo mobilidade para Dynabook é muito mais do que portabilidade. Sim, orgulhamo-nos de como os nossos dispositivos são leves e portáteis, e no início deste ano anunciámos o Portégé X30W-J, que é o portátil convertível de 13 polegadas mais leve do mundo. Mas a mobilidade para nós também implica fiabilidade, robustez, e segurança.
Uma das tendências que se tem afirmado é a das experiências multidispositivo. A Dynabook reflete já isso por exemplo nos DynaEdge. Há planos para lançar mais soluções deste género?
A inovação é importante para a sobrevivência em qualquer indústria; na nossa é uma prioridade… os dynaEdge são um excelente exemplo da nossa capacidade de inovar. O mercado de egde computing acelerou substancialmente durante o último ano, muito impulsionado por fatores como a Covid e o 5G. A nossa própria investigação descobriu que 63% das organizações planeiam utilizar óculos inteligentes dentro dos próximos três anos. Neste caso, identificámos a necessidade e a perspetiva de procura, e a partir daí desenvolvemos o produto como resultado.
O futuro da nossa oferta e do desenvolvimento de produtos para nós estará sempre relacionado com a procura, uma vez que sem uma necessidade ou benefícios reais, será difícil tirar os produtos da prateleira. Claro que na Dynabook temos um compromisso claro e contínuo com a inovação e isso mantém-se intocável. É difícil prever quais serão os produtos em específico em que apostaremos nos próximos 10 ou 15 anos, mas os traços que nos caracterizam são evidentes: mobilidade, segurança, fiabilidade e robustez.
Até onde admitem ir neste universo de novas soluções e dispositivos, potenciados por redes de comunicações cada vez mais rápidas e plataformas cada vez mais poderosas? Trabalham sinergias dentro do grupo Sharp que possam dar origem a novos produtos nestas áreas emergentes?
Temos a tradição de alcançar os primeiros passos na indústria, e queremos continuar esta tendência de inovação em toda a nossa gama de soluções. Continuaremos a lançar novos produtos, bem como a melhorar as nossas ofertas atuais para satisfazer as necessidades evolutivas dos nossos clientes. Naturalmente, o grupo Sharp potencia o nosso negócio, pela capacidade de fabrico de que dispõe a nível global e pelo poder de inovação tecnológica. O 5G veio abrir várias janelas de oportunidade e vem alavancar tecnologias que para nós são prioridades futuras: edge computing, inteligência artificial e realidade assistida.
Voltando às tendências, e olhando para o mercado numa perspetiva de médio prazo, quais são aquelas que na sua opinião mais vão marcar o desenvolvimento de soluções empresariais nos próximos anos?
O modelo de trabalho híbrido tornou as empresas mais obcecadas com a produtividade do que nunca, e isto impulsionará o desenvolvimento tecnológico e o investimento nos próximos anos. Em consonância com isto, está a ser dada maior ênfase às ferramentas de automatização e aos wearables para reduzir o tempo de processamento de informação e o tempo dedicado à formação.
As tecnologias IA Edge são outro grande actor, com muitas empresas a acreditarem que se não aumentarem a escala da IA em breve irão abandonar o negócio. Os líderes têm-se mostrado entusiasmados com as possibilidades das soluções de AR e IA há algum tempo, no entanto, foi a pandemia que mudou o “seria bom ter” para um “obrigatório ter”. Todas estas tecnologias maximizam a produtividade de alguma forma, e é isto que as torna essencialmente atrativas para as empresas à medida que nos aproximamos de uma era de hiperprodutividade.
Olhando para o presente, e num ano em que temos a promessa de regresso à normalidade pós-pandemia, quais são as vossas grandes apostas estratégicas, em termos de produtos e negócio?
Há quatro setores de negócio onde a Dynabook se posiciona estrategicamente e nos quais continuará a apostar. São eles o mercado de canal, o mercado empresarial, o sector logístico e a educação. Para cada um deles, temos objetivos definidos.
Quanto ao negócio de canal, continua a ser o nosso grande foco, sempre assim foi e a transição para Dynabook não mudou isso. A combinação do poder de inovação tecnológica e de fabrico global da Sharp com o nosso foco contínuo nas pessoas, materializado numa oferta flexível e ágil adequada às necessidades dos nossos parceiros e clientes, é o que nos permite fornecer um programa de parceiros personalizado e à medida.
Dentro do espaço comercial, a nossa gama de dispositivos empresariais é mais ampla que nunca. Desde os dois-em-um ultra móveis aos dispositivos mais amigáveis a nível de orçamento, procuramos que a nossa oferta sirva mesmo a cada trabalhador e organização. Mesmo com o regresso à dita normalidade, sabemos que o trabalho híbrido está para ficar e compreendemos a importância dos desafios de gestão remota de dispositivos, assegurando um processo simples para as equipas de TI, com controlo de acesso remoto, software comum, soluções de docking e acessórios para o trabalho móvel.
E nos sectores logístico e da educação, quais são as grandes oportunidades?
Para o sector logístico, a chegada do 5G criou oportunidades significativas para as organizações mudarem a forma como trabalham. Os dynaEdge DE200 vêm responder a esta necessidade ao permitir que as empresas maximizem o seu tempo. Estamos também a trabalhar com vários parceiros de software, ao mesmo tempo que concebemos o nosso próprio conjunto de soluções, para ampliar a nossa oferta potenciada pela tecnologia edge.
A educação, por exemplo, é um sector em que temos mais de 30 anos de experiência e em que temos vindo a crescer. O facto de a Microsoft ter selecionado o Satellite Pro E10-S como um dos primeiros dispositivos do mundo a receber o Windows SE é prova disto mesmo. No presente, como no futuro, continuaremos a dedicar a cada escola, a cada universidade, uma variada gama de portáteis e tablets adequados a cada aspeto da aprendizagem.
Publicado em:
Na Primeira PessoaPartilhe nas Redes Sociais