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Web Summit 2025 arranca com a IA no centro da estratégia nacional

Publicado em 11 Novembro 2025 por Equipa Ntech.News | 21 Visualizações

Lisboa volta a transformar-se no epicentro do mundo tecnológico. À entrada do Altice Arena, ouvem-se línguas e sotaques que confirmam a escala global do evento: 71 386 participantes, mais de 900 oradores e 2 500 startups. A Web Summit 2025 abriu oficialmente com a convicção de que o futuro já não se anuncia está a ser escrito agora, em código, algoritmos e decisões políticas.

Paddy Cosgrave, fundador e CEO da Web Summit, regressou ao palco de Lisboa para um discurso de abertura que misturou nostalgia e provocação. Recordou que há dez anos a Revolut, então uma pequena startup de três pessoas, se apresentou ao mundo neste mesmo evento e que hoje é a fintech privada mais valiosa da Europa. «É inevitável que, entre as mais de duas mil e quinhentas startups aqui reunidas, estejam as próximas Revoluts», afirmou, numa mensagem que procurou inspirar empreendedores e investidores.

Mas Cosgrave foi mais longe. Sublinhou que «a era do domínio ocidental da tecnologia está a desvanecer-se», apontando o crescimento da China em áreas como a robótica e a inteligência artificial, e o reposicionamento do centro europeu de inovação para o Leste, com a Polónia a ultrapassar a Alemanha em número de novas startups. Uma leitura pragmática da mudança de poder tecnológico à escala global.

Portugal assume ambição de liderança em IA

Na mesma sessão de abertura, o Ministro Adjunto e da Reforma do Estado, Gonçalo Matias, apresentou a estratégia do Governo para uma inteligência artificial “ao serviço das pessoas”. O plano, assente em infraestruturas digitais, capacitação e ética, pretende posicionar Portugal como um polo de inovação e referência mundial na IA responsável. «Portugal está a construir um Estado mais inteligente, mais rápido e mais próximo dos cidadãos», afirmou o ministro, acrescentando que a transformação digital será «feita por pessoas e para pessoas». A Agenda Nacional de Inteligência Artificial, a apresentar nas próximas semanas, articula tecnologia, economia e soberania digital, com o objetivo de gerar um impacto económico que poderá ultrapassar 2,3 biliões de euros até 2030.

Entre as medidas anunciadas destacam-se a Estratégia Nacional para Data Centers, destinada a atrair investimento de dezenas de milhares de milhões de euros, e a criação de uma cloud soberana portuguesa para reforçar a confiança e a segurança dos dados. O Pacto para as Competências Digitais prevê ainda formar dois milhões de cidadãos até 2030 em literacia e competências digitais.

Lisboa reafirma-se como palco da inovação

Um ano depois da sua apresentação, o modelo de linguagem português “Amália” regressou ao palco como exemplo de inovação aplicada. Desenvolvido para apoiar a administração pública e o ensino, o sistema de IA pretende oferecer tutores digitais a cada estudante e assistentes inteligentes a cada cidadão. «Com Amália, estamos a dar respostas que ontem não conseguíamos dar», disse Gonçalo Matias, sublinhando que a tecnologia deve ser guiada «por ética, transparência e supervisão humana».

Carlos Moedas, presidente da Câmara de Lisboa, aproveitou a ocasião para reforçar a imagem da capital como centro de inovação. Recordou o sucesso da Unicorn Factory, projeto lançado no Web Summit de 2022, e anunciou o nascimento iminente do 17.º unicórnio sediado na cidade. Hoje, Lisboa acolhe 16 empresas tecnológicas de grande valor, responsáveis por mais de 16 mil empregos qualificados.

O palco global da inovação

A Web Summit 2025 decorre até 13 de novembro e conta com uma programação de mais de 20 palcos temáticos, dedicados à inteligência artificial, sustentabilidade, cibersegurança, saúde digital, finanças e indústria criativa. Lisboa recebe delegações governamentais, investidores, académicos e empreendedores de 160 países, um retrato vivo de como a inovação se tornou parte da diplomacia económica.

No Parque das Nações, entre o novo Pavilhão 5, espaço de networking com jardim exterior, e as zonas de exposição da FIL, respira-se tecnologia e ambição. Três dias (e mais um bocadinho) de debates, demonstrações e encontros que, mais do que prever o futuro, o ajudam a desenhar.


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