Desafios e oportunidades da inteligência artificial na era da inovação global
José Fonseca, diretor na Kyndryl em Portugal

É sabido que a “parceria” entre humanos e inteligência artificial (IA) tem o potencial de conduzir a uma nova era de inovação, com implicações profundas em diversos setores da sociedade. O desenvolvimento da IA, especialmente da IA generativa, pode comparar-se ao impacto da utilização da eletricidade no início do século XX, um avanço que transformou a economia e a vida quotidiana. No entanto, tal como qualquer tecnologia disruptiva e em ascensão, a IA traz consigo diversos desafios e riscos que precisam de ser cuidadosamente geridos.
A IA tem a capacidade de criar conteúdos, como textos, imagens e músicas, estando a abrir portas para inovações sem precedentes. A possibilidade de não apenas analisar dados, mas também gerar novos insights e soluções criativas, acelerar o progresso em diversas áreas, trazendo benefícios económicos e sociais significativos. Contudo, a grande responsabilidade associada a esta tecnologia não pode ser ignorada. É essencial garantir que a IA é desenvolvida e utilizada de forma segura, eficaz e ética.
O desenvolvimento da IA não está, de facto, isento de riscos, como a sua má utilização, viés algorítmico e outras questões relacionadas com a privacidade. Para mitigar esses riscos, é necessário incorporar medidas de segurança robustas e assegurar que valores éticos estejam presentes na sua gestão. O equilíbrio entre inovação e precaução torna-se uma questão fundamental, exigindo uma abordagem cuidadosa e responsável.
A entrada em vigor da Lei de IA da União Europeia (UE), em agosto deste ano, representa um marco significativo na regulamentação desta tecnologia. Esta é a primeira legislação mundial a tratar especificamente da IA, com o objetivo de promover o avanço tecnológico, ao mesmo tempo que protege os direitos fundamentais dos cidadãos da UE. A lei visa harmonizar o uso da IA entre os países da UE, criando um padrão que pode servir como referência global. Para além disso, outros países estão a adotar medidas para regulamentar esta tecnologia, através de leis, regulamentos específicos e diretrizes voluntárias. Organizações internacionais, como a OCDE, a ONU e o G7, também estão a trabalhar para coordenar a gestão da IA e promover uma abordagem harmonizada que enfrente os riscos associados.
Para as empresas, o desafio reside, fundamentalmente, na implementação e utilização da IA de forma eficaz e responsável. Mas estão as empresas, em geral, verdadeiramente preparadas para a boa utilização da IA em larga escala? Para superar os desafios emergentes as empresas devem adotar modelos de implementação de IA que sejam baseados na transparência, segurança e ética. É fundamental desenvolver uma abordagem estratégica para a integração desta tecnologia, que considere não apenas as oportunidades tecnológicas, como também os aspetos regulatórios e éticos envolvidos.
Vivemos, de facto, um momento decisivo no desenvolvimento da IA. A inovação tecnológica traz consigo a promessa de enormes benefícios, mas também exige uma gestão cuidadosa e responsável. À medida que avançamos em inovação é crucial que empresas, governos e instituições internacionais trabalhem juntos para garantir que a IA seja desenvolvida e utilizada de forma a maximizar o seu potencial enquanto minimiza os riscos. O equilíbrio entre inovação e precaução é a chave para o sucesso desta nova era tecnológica. Com o foco na transparência, clareza e segurança podemos garantir que a IA contribua para o progresso humano de forma positiva e sustentável. Este é, sem dúvida, um momento emocionante na história da tecnologia e um desafio que devemos enfrentar com determinação e responsabilidade.
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