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Investimento TI vai resistir à crise porque é fundamental. Público já acelerou transformação  

Publicado em 28 Setembro 2022 por Cristina A. Ferreira | 438 Visualizações

O mercado de Tecnologias de Informação em Portugal deverá este ano, e pela primeira vez, valer mais de 5 mil milhões de euros, num crescimento de 3,9% face a 2021, de acordo com as projeções da IDC, que esta quarta-feira realiza a 25ª edição do seu principal evento anual, o IDC Directions.  

Em conversa com o Ntech.News, Gabriel Coimbra explica que este «crescimento continuará a ser impulsionado pelas tecnologias de 3ª plataforma e aceleradores de inovação, assim como pelo investimento em projetos de Transformação Digital».

Numa comparação com 1998, o primeiro ano em que a consultora realizou o Directions, o crescimento do investimento TI em Portugal é de 184%, um número que reflete bem o impacto que a tecnologia assumiu desde então na vida e na competitividade das empresas. 

Isso mesmo revelaram também os dados apurados pela consultora durante a pandemia que, pela primeira vez na história evidenciaram um contra-ciclo entre a economia e investimento TI: a primeira caiu e o segundo disparou. Mas existirão condições para manter essa divergência se Europa e Portugal estiverem à beira de uma nova crise económica?  

O vice-presidente e country manager da IDC Portugal acredita que sim. «Certamente uma nova crise económica afetará os investimentos em TI, mas o impacto será menor do que em outras áreas», defende Gabriel Coimbra. «O IT será cada vez mais relevante para uma maior eficiência e redução de custos em tempos de crise, assim como será crítico para a capacidade de inovação e reinvenção das empresas e da nossa sociedade em geral».

No centro dos debates do IDC Directions deste ano vão estar três principais temas: Tecnologias inovadoras escaláveis (Scale); Capacidade de gerar impacto imediato nos resultados (Impact); Capacidade de gerar confiança numa economia e sociedade cada vez mais digitais (Trust).

Os três são hoje para a IDC importantes considerar na conceção de soluções e da infraestrutura tecnológica das empresas, numa altura em que as organizações enfrentam desafios a uma escala sem precedentes, ao nível da cibersegurança, mas não só. O tema da confiança ganhou uma relevância que antes não tinha, ou que pelo menos não lhe era dada, por ser na verdade um conceito com várias dimensões e com impacto em todo o ecossistema das empresas.

«O tema da confiança inclui a cibersegurança, a privacidade e a ética que deverão estar no ADN de toda a infraestrutura tecnológica», defende Gabriel Coimbra. 

Num mundo em que a informação é digital e todos os nossos dados estão guardados em sistemas digitais, estes temas passaram a ser críticos e a ganhar escala nas decisões de investimento das empresas, conscientes do impacto que uma falha de segurança, um fuga de informação, ou uma paragem de operações pode ter no negócio e na reputação. 

Sector público deve apostar em centros de competências

O sector público não tem estado na liderança dos investimentos em infraestruturas e soluções tecnológicas orientados para as três dimensões que a IDC se propõe debater no Directions deste ano, mas Gabriel Coimbra diz que essa é uma situação que está a mudar. 

«Apesar de haver alguns organismos públicos com pouca maturidade tecnológica, vimos nos últimos anos uma grande transformação e digitalização no setor público em organismos chave», destaca o responsável. O PRR e o novo quadro comunitário de apoio devem também contribuir para um crescimento significativo do investimento nestas áreas, acredita a consultora. 

«Contudo, acreditamos que o principal desafio é conseguir de facto uma real interoperabilidade entre os diversos serviços da Administração Pública, de forma a simplificar processos e aumentar a eficiência, e sobretudo melhorar a experiência do utente e do cidadão», defende Gabriel Coimbra. 

«Tendo em conta a falta de recursos qualificados, a Administração Pública deveria também ser capaz de criar centros de competências (em áreas como IA, Segurança, etc) em parceria com o sector privado, pois só assim conseguiríamos um desenvolvimento acelerado da maturidade face aos outros países», acrescenta.

Na agenda do IDC Directions 2022 estão também temas como o futuro dos pagamentos Web3 no mundo real e no Metaverso, a guerra na Ucrânia e as implicações ao nível da cibersegurança, ou a sustentabilidade. 

Nos últimos 25 anos, o evento acolheu em Portugal mais de 20 mil participantes, 700 parceiros, mais de 1.000 oradores e 150 analistas da IDC. A edição deste ano acontece no Centro de Congressos do Estoril. 


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