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IA: o que os milhões investidos em 2025 significam para Portugal

Publicado em 20 Agosto 2025 por Ntech.News | 92 Visualizações

A inteligência artificial (IA) está a transformar-se no maior íman de investimento global. Nos primeiros seis meses de 2025, as startups do setor captaram 121,9 mil milhões de dólares em financiamento, quase tanto como todo o ano de 2024. No centro desta avalanche está a OpenAI, criadora do ChatGPT, que prepara uma operação secundária de ações que poderá elevar a sua valorização para 500 mil milhões de dólares, colocando-a à frente da SpaceX e da Bytedance como a maior empresa privada do mundo.

Este fenómeno global não é alheio a Portugal. Embora os grandes números venham sobretudo dos Estados Unidos e da China, o mercado português de tecnologias de informação (TIC) começa a sentir os reflexos diretos desta corrida: desde startups que aplicam modelos generativos em setores de nicho, até multinacionais que instalam centros de desenvolvimento de IA em Lisboa e no Porto.

Portugal no mapa da IA

O relatório da BestBrokers mostra que a América do Norte captou quase dois terços do capital investido em startups no primeiro semestre, mas a Europa, e Portugal em particular, está a ganhar relevância pela capacidade de especialização e pela formação de talento altamente qualificado. O país tem sido escolhido para hubs tecnológicos de gigantes como a Google, a Microsoft ou a Mercedes-Benz.io, e já conta com startups de IA em áreas como:

  • Saúde digital, com plataformas que recorrem a machine learning para apoiar diagnósticos e personalizar tratamentos.
  • Serviços financeiros, onde soluções de análise de risco automatizada e combate à fraude estão a ser desenvolvidas por equipas locais.
  • Indústria e energia, com sistemas de previsão e manutenção inteligente aplicados à gestão de redes e fábricas.

Em paralelo, a nova geração de empreendedores portugueses começa a captar a atenção de fundos internacionais. Ainda que os valores não se comparem aos colossos norte-americanos, o crescimento consistente das rondas de investimento em startups portuguesas mostra que há um ecossistema preparado para absorver parte desta tendência global.

A visão dos analistas

Paul Hoffman, analista da BestBrokers, alerta que a competição vai muito além do capital disponível. Segundo este especialista, o sector da inteligência artificial «está a tornar-se cada vez mais competitivo, agora com o antigo CEO do Twitter, Parag Agrawal, a anunciar a sua nova startup, Parallel Web Systems Inc.»

O que torna isto relevante não é apenas o facto de ser mais uma startup a surgir, mas a qualidade da liderança que está no backstage. «À medida que os investidores continuam a investir milhares de milhões na IA, o verdadeiro diferenciador será se os novos participantes conseguem ir além do hype e criar nichos especializados que entreguem valor empresarial concreto. A experiência profunda de Agrawal em escalar plataformas poderá posicionar a Parallel Web Systems para ligar a inovação em IA à sua implementação prática, um passo crítico à medida que o setor se encaminha para a consolidação», explica o analista.

A análise aplica-se também ao mercado português. As startups nacionais não competem em escala com a OpenAI, mas podem vencer ao criar soluções de nicho altamente especializadas, capazes de responder a necessidades concretas de setores estratégicos como saúde, energia e mobilidade.

Do hype à criação de valor

O desafio para Portugal está em transformar talento em resultados de negócio. Os gestores nacionais já não procuram apenas “novas tecnologias”, mas sim casos de uso comprovados, que reduzam custos, aumentem a eficiência e abram novas fontes de receita. Exemplos como chatbots de atendimento ao cliente em telecomunicações ou algoritmos de previsão na agricultura inteligente são provas de que a IA começa a gerar impacto económico real no país.

A lição global é clara e a próxima fase da inteligência artificial não será definida apenas pelo montante investido, mas pela capacidade de cada mercado vir a traduzir essa inovação em valor tangível para as empresas e os cidadãos.


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Negócios

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