«Sabemos que, no outsourcing, despertar um sentimento de pertença não é tarefa fácil, e é por isso que pomos todas as nossas fichas numa cultura colaborativa…»

Com 18 anos de presença sólida no setor das TI, a Integer Consulting não se limita a fornecer serviços, assumindo-se como um parceiro estratégico, com cultura colaborativa, inovação aplicada e programas únicos como o Integer Living Hub. Nesta entrevista, Luís Setúbal, CEO da empresa, revela como se prepara para os desafios do futuro, desde a inteligência artificial à retenção de talento, sem nunca perder de vista a proximidade com as pessoas e com os clientes.
Ntech.news – A Integer Consulting conta com mais de 15 anos. Que balanço fazem desta trajetória?
Luís Setúbal – Em fevereiro chegámos à maioridade e, durante estes 18 anos, a Integer Consulting tornou-se numa referência no setor das Tecnologias de Informação (TI), crescendo de forma sustentada e acompanhando a evolução do mercado.
O nosso percurso tem sido marcado pela aposta na inovação, no talento e na proximidade com clientes e parceiros. Acima de tudo, orgulhamo-nos de ter construído uma cultura interna que valoriza as pessoas e que nos permite atrair e reter os melhores.
Olhamos para o futuro com ambição, reforçando a nossa presença noutros países e investindo em iniciativas aliciantes, algumas exclusivas como o Integer Living Hub (disponibilizamos seis apartamentos e coworking próprios em Lisboa para acolher consultores estrangeiros).
Quais têm sido os principais desafios e conquistas no mercado português e internacional?
L.S. – Ao longo dos anos, quer a nível nacional quer internacional, lidámos com desafios naturais de uma área em constante mutação de tendências tecnológicas e galopante competitividade na atração e retenção de profissionais.
Para fazer frente a este cenário, tem sido primordial estarmos sempre atentos às novidades que surgem, fortalecer laços com clientes e parceiros e apresentar programas únicos, como o Integer Living Hub.
No fundo, o que mais nos deixa satisfeitos é conseguirmos crescer conciliando a nossa capacidade de adaptação, de resiliência e de inovação com uma cultura forte e alinhada com a nossa visão.
Como se diferencia a Integer no competitivo mercado de outsourcing e desenvolvimento de software?
L.S. – A Integer diferencia-se pela maneira como equilibra tecnologia, talento e ADN. Sabemos que, no outsourcing, despertar um sentimento de pertença não é tarefa fácil, e é por isso que “pomos todas as nossas fichas” numa cultura colaborativa que vise estreitar laços com as equipas.
Não somos apenas um fornecedor de serviços. Somos um parceiro estratégico que trabalha lado a lado com clientes e consultores, asseverando que cada projeto tem o suporte e o know-how adequados para gerar impacto. Aliamos destreza à especialização, alimentando relações de longo prazo baseadas na confiança, seriedade e entrega de valor.
Como têm visto a evolução das necessidades tecnológicas dos vossos clientes nos últimos anos?
L.S. – As necessidades de TI alteraram-se muito nos últimos anos, sendo que agora o ritmo da mudança ainda é mais vertiginoso. Hoje, não basta ter a melhor tecnologia; é preciso ter soluções dinâmicas, escaláveis e que vão ao encontro dos objetivos de cada negócio.
A automação, a inteligência artificial (IA) e a cibersegurança, pelas mais-valias que aportam, passaram a estar no epicentro das prioridades, tal como a flexibilidade na gestão de equipas e de projetos.
O nosso papel tem sido garantir que temos o conhecimento certo para responder a questões cada vez mais complexas, sempre com uma abordagem prática e orientada para resultados.
Transformação digital à medida
De que forma a Integer está a ajudar empresas a adaptarem-se ao contexto de transformação digital?
L.S. – Sem dúvida que a transformação digital é, e vai continuar a ser, um dos maiores desafios das empresas. Na Integer, não vemos esta realidade apenas como a introdução de tecnologia recente.
O que nós fazemos é munir as organizações de soluções que tornam os procedimentos mais eficientes e a atmosfera mais cooperativa e fluída.
Isto só é possível porque operamos com metodologias ágeis e com uma abordagem ‘taylor made’, ou seja, desenhamos tudo à escala das necessidades específicas de cada cliente.
Quais são as tecnologias emergentes que consideram mais promissoras para os próximos cinco anos?
L.S. – Nos próximos cinco anos, acreditamos que algumas TI emergentes vão redefinir o mercado. A inteligência artificial e o machine learning vão tornar-se mais sofisticadas e trazer oportunidades para automação e personalização em vários ramos, desde o atendimento ao cliente até a análise de dados complexos.
Por sua vez, à medida que as organizações se tornam mais digitais e descentralizadas, tudo o que surja de mais requintado ligado a cibersegurança será cada vez mais crucial, especialmente no contexto do trabalho remoto e das soluções em cloud.
Além disso, o 5G e a computação quântica terão um enorme impacto em setores como saúde, logística e mobilidade, tornando tudo mais rápido, eficaz e interconectado.
Naturalmente que a Integer está a par de todas estas tendências para ter ao dispor a mão de obra mais qualificada, dado sermos especialistas em outsourcing de TI e o nosso propósito ser sempre recrutar ‘mentes brilhantes’ e com visão de futuro.
Inovação feita de dentro para fora
A Integer Consulting tem iniciativas inovadoras como o programa Better IN e o Integer Living Hub. Quais são os principais benefícios dessas iniciativas para os colaboradores?
L.S. – As duas iniciativas referidas são exemplos claros do investimento no bem-estar e no desenvolvimento das pessoas. O Better IN foca-se no crescimento individual e profissional com vista a alcançar liderança positiva, interajuda e transparência.
Isso traduz-se em equipas mais motivadas, responsáveis e estruturadas para enfrentar os problemas do quotidiano, além de ser basilar para haver um ambiente laboral saudável. Por outro lado, o Integer Living Hub, ao disponibilizar casa e coworking até cerca de nove meses, está a proporcionar estabilidade e conforto.
Em ambos os programas, como o que está em causa é a conquista de equilíbrio a vários níveis, o que se almeja é que quem participa nos mesmos consiga focar-se mais nas suas funções e alcançar a excelência.
Como funciona o programa Find Your Talent? Pode dar-nos exemplos de ideias que se transformaram em projetos reais?
L.S. – O Find Your Talent é uma ação anual da Integer que incentiva os colaboradores a identificar problemas no seu dia a dia — seja no trabalho ou na esfera particular — e a conceber soluções em grupo.
O objetivo é exponenciar as competências de cada elemento para criar em conjunto com os colegas respostas singulares, sendo que, sempre que possível, tendo em conta a nossa atividade, estas devem incorporar componentes tecnológicas.
Assim, durante nove meses, os participantes vão crescendo a nível pessoal e em equipa, e, no final, o que for inventado pode ser aplicado dentro da empresa ou até apresentado a clientes, se se justificar.
O caso do TradeIN, uma espécie de marketplace interno, é um ótimo exemplo de uma ideia interessante que surgiu e que se materializou neste programa e que contou com uma boa adesão por parte dos colaboradores.
Gamificação é uma aposta com a app Game IN. Que impacto tem tido na motivação e produtividade dos colaboradores?
L.S. – A app Game IN — lançada pela Integer em 2023 para os seus colaboradores — disponibiliza inúmeros jogos, os quais abordam temas como eventos internos e cultura geral.
Além de esta ferramenta proporcionar um momento descontraído e prazeroso, os utilizadores habilitam-se ainda a ganhar prémios, como dias de férias e telemóveis.
O princípio é oferecer ao mesmo tempo uma experiência divertida, potenciar um ambiente mais envolvente e dinâmico, fortificar o nosso ADN e aprofundar o sentimento de pertença.
Até ao momento, temos verificado que o Game IN tem tido um impacto muito positivo, sendo uma ótima prática para estimular o engagement e a motivação na Integer.
Quais são os próximos passos para reforçar a cultura de proximidade e a retenção de talento?
L.S. – Os próximos passos, passam por reforçar e afinar três áreas-chave nas quais já vimos a operar desde 2020. Primeiro, vamos “dar corda” à cultura colaborativa, tendo como motor da mudança o desenvolvimento de lideranças.
Segundo, queremos uma comunicação mais clara e direta, no sentido de fomentar relações de transparência e de confiança, deveras importantes em qualquer estrutura empresarial.
Terceiro, é primordial explorar mais o pensamento sistémico, ou seja, por exemplo, reconhecer não só resultados, mas também atitudes em linha com a nossa identidade e que conduzam ao progresso (humano e laboral) dos outros.
Mantêm parcerias com universidades e oferecem estágios. Como estas colaborações contribuem para a inovação e a formação de talentos?
L.S. – As parcerias com universidades têm sido uma bandeira desde o início, sendo que mantemos colaborações com o ISCTE e com o Instituto Superior Técnico (IST). Neste momento, participamos em eventos destas entidades, como o FISTA (Fórum de Tecnologia e Arquitetura) e a SINFO (Semana Informática), respetivamente. Estas presenças são fundamentais para estimular a inovação, para dar a conhecer a nossa filosofia e para captar talento jovem que no futuro possa contribuir com ideias e perspetivas diferenciadas para a Integer. Por outro lado, através dos nossos estágios, moldamos os jovens ‘à medida das nossas necessidades’ a nível técnico e comportamental. O foco está em facultar uma experiência prática que os habilite para encarar o mercado real e, como, por norma, corre bem, temos uma taxa de retenção muito elevada.
Que competências técnicas e comportamentais consideram essenciais para os futuros profissionais das TIC?
L.S. – Do ponto de vista das hard skills, é imperioso que os colaboradores tenham uma sólida e atualizada formação em linguagens de programação, arquitetura de sistemas e cibersegurança, para dar respostas superiores às exigências cada vez maiores em termos de segurança e de performance.
Além disso, sólidos conhecimentos em campos emergentes, como inteligência artificial, machine learning e cloud computing, são altamente valorizadas, pois estão a reconfigurar o futuro das empresas e das soluções tecnológicas.
Todavia, além das competências académicas, as soft skills têm um peso enorme nos profissionais bem-sucedidos. Saber ser equipa, a comunicação eficiente e a adaptabilidade (ser camaleónico) são essenciais, sobretudo num universo tão efervescente como o das TIC.
A empatia, o resolver problemas de modo criativo e a postura proativa também são atributos comportamentais cada vez mais pretendidos, pois impulsionam a cultura colaborativa e a inovação dentro das organizações.
Acelerar o negócio diversificando-o
Quais são os principais objetivos estratégicos da Integer para os próximos anos?
L.S. – A meta é manter um crescimento sustentável, ampliando a oferta de serviços e de mercados, sem perder nunca a nossa identidade e cultura, pois é isso que nos define e nos posiciona.
Na verdade, o nosso segredo de sucesso é algo muito simples e elementar. Nós nunca deixamos de ser quem somos. Nunca desvirtuamos a nossa essência, a nossa matriz, a nossa árvore genológica.
Até vou mais longe. Que ninguém duvide disto: quando as raízes são esquecidas e comprometidas, a empresa morre, mesmo que financeiramente seja próspera.
Existe a intenção de expandir para novos mercados ou diversificar os serviços?
L.S. – Sim, temos as duas situações na nossa mira. Na diversificação de serviços pretendemos criar um centro premium de cibersegurança, e, no que diz respeito a novas geografias de atuação, a intenção é angariar projetos em modelo de nearshore destinados a desenvolvimento de software e cibersegurança.
Que novas tendências e desafios preveem para o setor das TIC e como a Integer está a preparar-se para responder a esses desafios?
L.S. – Hoje em dia, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) estão a evoluir a um ritmo estonteante. Entre as tendências, de referir a Inteligência artificial, a cibersegurança e a privacidade de dados. A IA é indispensável, revolucionando a forma como as empresas analisam informação, otimizam processos e interagem com clientes. Sistemas inteligentes automatizam tarefas repetitivas, preveem comportamentos e apresentam soluções customizadas em tempo real, aumentando a eficiência operacional e gerando oportunidades de negócio.
Por outro lado, a cibersegurança ganha cada vez mais protagonismo. Com as ameaças digitais ¬— como ransomware, phishing e violações de conteúdos — blindar estruturas e informações tornou-se numa ‘urgência’. As organizações precisam de soluções cada vez mais sofisticadas para detetar, prevenir e responder a incidentes de segurança de maneira rápida e eficaz. A privacidade de dados também se afigura uma preocupação central. Normas rigorosas — como o GDPR (Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, da União Europeia) — exigem que as entidades procurem constantemente as melhores fortificações para ter os conteúdos de clientes e de colaboradores a salvo. E não se trata apenas de uma obrigação legal. É um fator decisivo para a reputação das marcas.
Um dos maiores calcanhares de Aquiles das TI é a escassez de mão de obra qualificada, o que: dificulta a implementação de projetos, limita a inovação das instituições, acentua a pressão sobre os departamentos de Recursos Humanos (que competem com ferocidade por talento) e compromete a criação de soluções avançadas que poderiam facilitar procedimentos e trazer vantagens competitivas. No domínio de cibersegurança, a falta de especialistas torna as organizações mais vulneráveis a ataques digitais, pondo em risco informações sensíveis e, em alguns casos, até a própria continuidade dos negócios. Já no que toca a data, a dificuldade prende-se com encontrar analistas que transformem dados brutos em insights estratégicos. Para superar com sucesso todos estes desafios, é imprescindível as empresas serem muito originais e disporem de propostas irrecusáveis no que concerne a políticas de atração e retenção de cérebros.
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