Especial Tendências 2020: Inteligência artificial no topo da agenda
A inteligência artificial é uma das grandes tendências para 2020, com espaço na lista de previsões da esmagadora maioria dos analistas TI. A IDC refere-a, antecipando que até 2025 pelo menos 90% das novas aplicações empresariais vão tirar partido de IA. A Gartner também a contempla, dando destaque ao potencial da tecnologia para trazer para o mercado de trabalho mais pessoas com deficiência, apostando que o número triplica até 2023.
Dezenas ou centenas de outros artigos e análises destacam igualmente a IA e o tema também foi o mais referido pelos gestores que participaram no Especial Tendências TI 2020 do Ntech.news. E há várias razões apontadas para que assim seja.
«As tecnologias de IA em geral e em particular de machine learning vão ser mais usadas em 2020, em diversas áreas: cibersegurança, colaboração, comunicação, automação, robotização e outras», acredita António Miguel Ferreira, diretor-geral da Claranet para Portugal, Espanha e América Latina.
Lembrando que muitas aplicações baseadas em IA já começam a ser adotadas em massa, o responsável destaca que «num mundo cada vez mais assoberbado por dados e interações, só uma capacidade cognitiva massiva», consegue dar as respostas necessárias. O caminho da IA deixou por isso de ser uma opção, para se transformar numa inevitabilidade, que ainda tem muito para mostrar, mas que já está a deixar marcas muito significativas em empresas e na sociedade e esses também foram pontos destacados pelos gestores.
«A automação de processos, aliada com a IA, assumiram já um papel extremamente crítico, não só na componente empresarial, como também em toda a sociedade, através de um conjunto de processos, onde os produtos se tornaram inteligentes e conectados», destaca Nuno Figueiredo, administrador da Ábaco.
«As tecnologias de IA em geral e em particular de machine learning vão ser mais usadas em 2020, em diversas áreas: cibersegurança, colaboração, comunicação, automação, robotização e outras», António Miguel Ferreira, diretor-geral da Claranet para Portugal, Espanha e América Latina
Aprofundar esta oportunidade em 2020, defende o responsável, passa por «conseguir processar toda a informação que conseguimos obter e no menor período de tempo ter um resultado que permita tomar uma decisão ou executar um processo crítico para o negócio». Sem intervenção humana e numa base 24×7.
IA vai chegar a todas as aplicações e transformar software
O potencial de otimização permanente do negócio e da informação que lhe dá suporte, maximizado pelas ferramentas de IA, é outro aspeto destacado pelos gestores como relevante para os negócios em 2020.
Como refere João Borrego «a inteligência artificial está a terminar o que a inteligência de negócios começou». Ao reunir, contextualizar, entender e agir em grandes quantidades de dados, a IA deu origem a uma nova geração de aplicações, que melhora e se adapta continuamente às condições à sua volta, defende o Solution Engineering Diretor da Oracle.
Um exemplo: «aplicações de backoffice convencionais estão a tornar-se legacy e a serem reinventadas com front-ends inovadores e automação comercial agressiva». Em 2020 e nos anos seguintes, a transformação acelera, generaliza-se e os exemplos vão multiplicar-se até que a IA esteja na base de todas as aplicações, defende João Borrego.
«A inteligência artificial está a terminar o que a inteligência de negócios começou», João Borrego, Solution Engineering Diretor da Oracle
Neste percurso, a Oracle sublinha o papel do software autónomo, que recorre à IA (machine learning, etc) para automatizar tarefas – fazer atualizações, correções e outras -, mantendo os sistemas em execução enquanto as faz. O conceito está a proliferar e será cada vez mais uma via para agilizar inovação nas empresas, ao dispensar um conjunto de tarefas técnicas, defende a empresa.
Em 2020, com projetos mais maduros e produtos deste tipo a consolidarem presença no mercado – a Oracle é um exemplo, incorporou o conceito nas suas bases de dados há cerca de dois anos – o caminho está aberto, para que as empresas capitalizem sobre esta oportunidade.
Noutros domínios, espera-se que a autonomização de sistemas também continue em 2020 a ser uma tendência a observar. Carros, drones, robots e assistentes virtuais para os mais diversos fins são alguns dos que envolvem maiores expectativas. «A grande barreira ainda é o interface de comunicação humano-máquina, que terá de evoluir para linguagem natural, para que os sistemas autónomos se democratizem de facto», destaca António Ferreira.
As questões por resolver da IA
Mas, há medida que a IA prolifera também se aguçam questões antigas. Alguns gestores destacaram-nas na sua análise, por acreditarem que em 2020 e nos anos seguintes, a sua importância não pode – e não vai – passar sem ser notada.
«A IA vai continuar a desenvolver-se, sobretudo em áreas como a automação e o processamento em linguagem natural, sendo as questões de ética e transparência cada vez mais importantes na definição dos modelos de IA», sublinha José Manuel Paraíso.
Estudos do MIT-IBM Watson AI Lab confirmam que a utilização da inteligência artificial no trabalho será cada vez maior, nomeadamente nas tarefas que podem ser automatizadas, refere o recém-eleito presidente da IBM Portugal, mas exatamente por isso «é fundamental continuar a desenvolver novas competências e capacidades de adaptação no desempenho das novas funções/profissões que estão a ser criadas».
«Apesar das várias questões em torno da IA, é uma tendência em andamento, restando às empresas informarem-se da melhor forma e retirarem as melhores mais-valias para colaboradores e negócio», Isabel Reis, diretora-geral Enterprise para Portugal e Espanha da Dell Technologies
A mesma preocupação foi destaca por António Ferreira, que não tem dúvidas: «o papel do ser humano irá redefinir-se nos próximos anos, devido a todas as atividades que deixaremos de fazer, por serem mais eficientemente realizadas por máquinas». Em 2020, a contagem decrescente para encontrar soluções que adaptem qualificações e competências às novas exigência do mercado de trabalho acelera.
Ainda assim, é claro para todos os gestores que contactámos que a IA é uma tendência inevitável e no tecido empresarial aparentemente isso também está já bastante claro.
Identificar oportunidades é o grande desafio para as empresas
Luís Urmal Carrasqueira, diretor-geral da SAP Portugal, reconhece que «há uma perceção generalizada quanto ao papel diferenciador da inteligência artificial, algo que não se diluirá, apenas se ampliará». A questão já não passa pela decisão de usar ou não usar, mas por perceber como tirar daí o melhor partido, em função das necessidades de cada negócio.
«A IA já tem estado a dar que falar no seio tecnológico e científico, pelas infinitas possibilidades que proporciona aos mais variados setores. Estas tendências tanto vão alterar o universo de TI como todos os outros a que a ele estão associados», admite Isabel Reis, managing director Enterprise para Portugal e Espanha da Dell Technologies.
«Apesar das várias questões em torno da IA, éticas, profissionais, entre outras, é uma tendência já em andamento que não conseguiremos travar, restando às empresas e organizações informarem-se da melhor forma possível e retirarem as melhores mais-valias para os seus colaboradores e negócio», remata a responsável.
Como também nota David Afonso, vice-presidente sénior da Primavera Primavera BSS, «a maior atualização dos próximos anos ao nível das TI passará pela integração dos sistemas com as novas tecnologias de inteligência artificial». A cloud tem sido o grande motor de democratização deste tipo de ferramentas, sublinha, e irá continuar ser.
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