Especial: Que tendências destacam os gestores das TI para 2020?

Início de ano é tempo de antecipar tendências e identificar os temas que prometem marcar os meses seguintes, definir investimentos e orientar decisões de negócios. As consultoras apresentam previsões e mostram as contas do que vai gerar mais ou menos receitas em 2020 e as empresas analisam estes dados, juntam-lhes os seus próprios inputs e identificam os temas críticos no alinhamento das suas estratégias.
Foi dessas visões que este ano fomos à procura e é nelas que baseamos o nosso Especial de Tendências para 2020. Falámos com os responsáveis de algumas das principais empresas a operar em Portugal, nos diferentes segmentos das TI e desafiá-mo-los a partilhar opinião sobre as três tendências com maior potencial para marcar 2020.
As respostas foram as mais diversas, mas os pontos de consenso também são muitos e é por aí que começamos. A inteligência artificial é o tema do momento. Já figurava na lista de tendências para 2019 e este ano volta a destacar-se, sendo a mais referida pela pool do Ntech.news para este artigo.
Porquê? «2020 será o ano em que iremos ver uma crescente aplicação da IA a todos os níveis», defende Vasco Pedro. Muito se tem falado das expectativas em torno da IA mas, para o CEO e co-fundador da Unbabel, este será um ano de concretizações, onde o impacto na sociedade e nas empresas começará a ficar finalmente mais claro, à medida que cada vez mais projetos avançam. Pode ler outras opiniões e visões sobre a importância da IA este ano aqui.
Cloud junta-se à inteligência artificial nas grandes tendências do ano
A cloud é apontada pelos nossos especialistas como outra tendência incontornável em 2020. Os modelos as service vieram para ficar e para isso têm contribuído os custos de entrada deste tipo de soluções face a outras opções, o facto de libertarem as empresas da necessidade de um conjunto de recursos – humanos e materiais, ou de integrarem ofertas cada vez mais completas e flexíveis.
«Cada vez mais as empresas procuram soluções chave na mão, e com o conceito de “tudo incluído”, fazendo com que as soluções software as a service tenham cada vez mais adeptos. Os grandes fabricantes de software têm também apostado muito neste segmento e notaremos em 2020 um aumento significativo nesta área», acredita Nuno Figueiredo, administrador da Ábaco. Vários responsáveis sublinharam ainda a afirmação de um conjunto de novos argumentos, que prometem fazer de 2020 um ano de renovação para a cloud, até mesmo no que diz respeito ao seu papel na infraestrutura TI, à medida que o IoT se desenvolve, o 5G se afirma e o Edge Cumputing ajuda a encontrar novas respostas.
Num contexto de enormes mudanças como o atual, onde a transformação digital continuará a ser tema «com crescente pressão para apresentar resultados em termos de alterações ao modelo de negócio e operação das empresas», acredita Vasco Pedro, a redefinição de modelos de negócios está também na ordem do dia e foi outro tópico destacado pelos gestores.
Novos modelos de negócio ganham escala
«O crescimento de novos modelos de negócio, nativos digitalmente e que têm o software no seu ADN», ganha escala em 2020, antecipa Rogério Canhoto, apontando para fenómenos como a subscription economy, crowd economy e shared economy. «São modelos de negócios em pleno crescimento e continuarão a crescer durante este ano», refere.
O chief business officer da PHC acredita que ao longo do ano mais «negócios tradicionais serão totalmente alterados graças às possibilidades do software», não apenas nos sectores onde exemplos como o da Uber ou do Spotify já mostraram que a transformação é possível, «mas também nos pequenos negócios, como a venda por subscrição de produtos agrícolas ou de escovas de dentes, até às reservas de restaurantes», exemplifica.
Um factor importante nesta alteração dos modelos de negócios é para o CBO da PHC a crença crescente no tecido empresarial de que os dados são a peça-chave de qualquer operação. A noção de «negócios data-driven» tem vindo a ganhar escala e assim continuará em 2020, defende o responsável, alinhado com uma visão que também é a de João Borrego.
Computação quântica promete agitar a próxima década
«As organizações estão totalmente dependentes da qualidade, quantidade e diversidade de dados que podem explorar, de onde podem retirar valor e tomar melhores decisões», defende o Solution Engineering Diretor da Oracle. Esta «dependência» dos dados e da sua transformação em informação útil é, na perspetiva do responsável, um desafio e uma oportunidade, que sobem de tom em 2020, início de uma nova década que promete ser decisiva na transformação digital das organizações. E para rentabilizar investimentos e apostas estratégicas ao máximo, os gestores também partilharam algumas dicas.
Espera-se que os negócios continuem a mudar e as tecnologias que lhes dão suporte continuem a evoluir, permitindo alcançar novas metas e abrindo novas portas. Os vários relatórios publicados no início deste ano pelas consultoras são ricos em opções, no que se refere às tecnologias que podem marcar a próxima década.
De olhos postos nos próximos 10 anos, José Manuel Paraíso junta às que já referimos o exemplo da computação quântica, que tem vindo a ser uma aposta forte da IBM nos últimos anos, mas onde muito ainda está por concretizar.
«A computação quântica promete muitos desenvolvimentos nesta nova década. É uma tecnologia que tem o potencial de resolver problemas muito complexos, impossíveis de serem resolvidos pela computação tradicional», destaca o responsável «O ano passado já marcou uma série de realizações notáveis neste campo e continuaremos a assistir à passagem do campo da teoria para aplicações práticas no mundo real». É uma entre muitas tecnologias e tendências claramente a manter debaixo de olho em 2020. Aqui pode ler sobre mais sobre outras tendências que também mereceram o destaque dos gestores portugueses, numa perspetiva mais macro. As estratégias que vão marcar o ano das empresas que colaboraram neste Especial estão detalhadas aqui.
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