Fintech: investidores procuram modelos de negócio mais sólidos

Os investidores estão a concentrar-se em operações maiores e empresas mais robustas na hora de investirem em fintech, segundo um novo estudo divulgado pela KPMG. O “Pulse of Fintech” contabiliza 8,2 mil milhões de dólares em capital investido em fintech no terceiro trimestre de 2017, bem acima dos 6,3 mil milhões no mesmo período do ano passado. A consultora ressalva, no entanto, que no segundo trimestre deste ano tinha sido registado um valor superior – 9,3 mil milhões.
Acontece que o número de transações entre firmas de capital de risco e fintechs em etapas muito iniciais (seed capital) desceu significativamente, com apenas 67 negócios realizados. É o valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2013 e reflete, segundo a consultora, uma tendência para os investidores se concentrarem em operações maiores e em empresas com modelos de negócio testados. No global, o financiamento por parte de firmas de capital de risco aumentou para 3,3 mil milhões de dólares distribuídos por 211 operações. O que diminuiu foi a atratividade de negócios em fase muito inicial.
«Os investidores exigem hoje mais do que boas perspetivas e potencial, direcionando os investimentos para projectos de fintech que demonstrem alguma tração», confirma Nasser Sattar, head of Advisory da KPMG Portugal. «Isto mostra que as fintechs precisam cada vez mais de demonstrar o valor acrescentado das suas soluções e a robustez dos seus modelos de negócio, de forma a conseguirem financiar os seus planos de crescimento».
O estudo indica que a dimensão média dos negócios em fase seed capital foi de 1,4 milhões de dólares no terceiro trimestre, enquanto a dimensão média de negócios em fases mais avançadas de financiamento (Séries C, D ou superior) foi de 16 milhões de dólares.
«O mercado de fintech está a evoluir rapidamente e continua a demonstrar alguma facilidade em diversificar e levantar financiamento, o que demonstra que os investidores reconhecem o potencial disruptivo que alguns destes projetos revelam e o papel transformador que assumem para a indústria dos serviços financeiros à escala global», analisa Vítor Ribeirinho, deputy chairman da KPMG Portugal e responsável pela área de serviços financeiros da firma.
Na Europa, a Alemanha captou a maior fatia do investimento em fintech neste trimestre, sustentado na aquisição da ConCardis, uma transacção de 806 milhões de dólares. O Reino Unido representa sete das maiores operações europeias, incluindo rondas superiores a 100 milhões de dólares por parte da Prodigy Finance e da Neyber. Ainda assim, o investimento total em fintech na Europa cifrou-se em 1,66 mil milhões de dólares, menos que os dois mil milhões registados no trimestre anterior. O que o estudo mostra é que o financiamento por parte dos veículos de capital de risco foi especialmente forte neste trimestre, ultrapassando os 700 milhões de dólares.
Há ainda outro dado interessante: o investimento de capital de risco em Insuretech caminha para valores recorde este ano. No fim do terceiro trimestre, mais de 1,5 mil milhões de dólares foram investidos nesta nova área de seguros por fundos de capital de risco em 179 transacções, face aos 1,8 mil milhões investidos nos 203 negócios que ocorreram em todo o ano 2016.
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