Partilhe nas Redes Sociais

Fraude empresarial cresce em Portugal e expõe falhas no investimento tecnológico

Publicado em 4 Novembro 2025 por Equipa Ntech.News | 23 Visualizações

Image by freepik

Mesmo num país que investe cada vez mais em transformação digital, as empresas portuguesas continuam sem armas eficazes para travar a fraude.

Quase um terço das organizações (28%) admite ter sido alvo de fraude no último ano, segundo o Corruption & Fraud Survey 2025 da Deloitte. As ocorrências mais frequentes envolvem fraude em meios de pagamento (45%), apropriação indevida de ativos (38%) e ataques cibernéticos (34%), um cenário preocupante de vulnerabilidades que persistem no tecido empresarial nacional.

Apesar de 91% das organizações já possuír canais de denúncia e mecanismos internos de gestão e monitorização de riscos, o estudo revela que a resposta continua, em muitos casos, a ser reativa e não preventiva. A maioria das empresas atua apenas após a ocorrência de incidentes, reforçando controlos imediatos ou implementando formações pontuais, em vez de adotar estratégias estruturais de mitigação de risco.

Segundo Gonçalo Quintino, Partner da Deloitte e um dos autores do estudo, esta edição demonstra «uma maior consciencialização por parte das empresas para a fraude e a corrupção». Nesse sentido, segundo ele, é «crucial que as empresas continuem a apostar em mecanismos de deteção de fraude, um trabalho que tem vindo a ser de certa forma simplificado graças à crescente utilização de ferramentas tecnológicas cada vez mais eficientes».

Contudo, a utilização dessas ferramentas ainda está longe de ser generalizada. 76% das empresas portuguesas não recorre a soluções tecnológicas de deteção de fraude e 35% aponta o custo elevado como principal obstáculo. Este dado contrasta fortemente com a tendência internacional registada no AI, Fraud, and Financial Crime Survey 2024 da BioCatch, segundo o qual 73% das empresas a nível global já utiliza Inteligência Artificial para identificar e responder a tentativas de fraude com maior rapidez.

Entre as organizações nacionais que já exploram soluções tecnológicas, destacam-se as ferramentas de analytics baseadas em padrões de deteção (22%) e os modelos analíticos combinados com regras de negócio (17%). No entanto, o estudo revela que 72% das empresas não pretende investir mais de 25 mil euros no próximo ano em ferramentas automáticas ou semiautomáticas de deteção de fraude e corrupção e apenas 11% planeia investir mais de 75 mil euros.

Em termos de conformidade regulatória, o cenário é mais positivo. A maioria das empresas cumpre já os requisitos do Regime Geral da Prevenção da Corrupção (RGPC), com 97% a dispor de código de conduta, 95% de canal de denúncias, e 79% de planos de prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas. Ainda assim, apenas 10% das organizações possui certificação ISO 37001, padrão internacional de boas práticas no combate ao suborno.

Mais de metade das empresas (56%) reconhece que a fraude tem impacto direto nas suas receitas, estimado entre 0,5% e 2% do volume de negócios. Um sinal claro de que, para muitas organizações, o custo de não investir em prevenção pode acabar por ser muito superior ao investimento necessário para proteger os seus ativos.


Publicado em:

Atualidade

Partilhe nas Redes Sociais

Artigos Relacionados