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Na balança dos pagamentos digitais, a segurança e a usabilidade têm o mesmo peso

Publicado em 27 Abril 2017 por Ntech.news - Rui da Rocha Ferreira | 1482 Visualizações

Pagamentos digitais

Quatro nomes grandes dos pagamentos digitais – Mastercard, Visa, SIBS e Easypay – estiverem hoje sentados lado a lado para falar sobre como as pessoas estão a usar métodos de pagamento diversificados e que não passam propriamente pelo cartão de débito ou de crédito. Aliás, na opinião de alguns dos representantes destas empresas o conceito de cartão de plástico usado para fazer compras tem os dias contados.

O diretor executivo da Easypay, Sebastião Lancastre, disse mesmo que dentro de cinco anos o conceito de cartão para pagamentos digitais estaria arrumado “a um canto”. O smartphone vai afirmar-se daqui em diante, cada vez mais, como o principal método de pagamento dos utilizadores.

“Concordo com o Sebastião, os cartões têm os dias contados. Admito que a muito curto prazo o mercado será dinamizado, vem aí uma onda gigante que vai obrigar muita gente a repensar como se faz pagamentos e como funciona a banca”, disse mais tarde o diretor-geral da Mastercard Portugal, Paulo Raposo, sobre o tema.

Ainda que os restantes elementos da discussão não tenham vincado da mesma forma esta ideia, todos concordam que o mercado dos pagamentos digitais está a mudar. Razão pela qual as diferentes empresas estão a apostar em novos conceitos que concretizam a tal desmaterialização dos pagamentos.

A SIBS, por exemplo, tem no MBWay uma carteira digital que aos poucos vai ganhando cada vez mais funcionalidades – agora permite levantar dinheiro num multibanco recorrendo ao smartphone e sem a necessidade de ter um cartão de plástico por perto.  A Visa por seu lado está a trabalhar em pagamentos que poderão ser integrados nos equipamentos da chamada Internet das Coisas – o objetivo é que o frigorífico tenha o seu próprio ‘cartão’ e que possa fazer e pagar as compras sozinho.

“Estamos também a fazer um protótipo para pagamentos online onde é possível fazer o reconhecimento da íris e o reconhecimento facial. [Estes métodos] Não vão servir todos os utilizadores, mas as gerações mais novas vão estar mais à vontade”, disse a diretora-geral da Visa Portugal, Paula Antunes da Costa.

 

Mudam-se os tempos, mudam-se os formatos

A questão dos utilizadores mais novos acabou por ser um dos temas em destaque neste painel do CyberSec Congress – evento do qual o Ntech.news foi media partner. Isto porque as novas gerações acabam por ter uma ideia diferente não só do conceito de pagamento digital, como acabam também por abordar a questão da segurança de forma alternativa.

“Temos que perceber que os novos consumidores são experimentalistas e não têm a complicação que nós temos na cabeça. (…) Se não compreendermos como os millennials pensam, dificilmente vamos conseguir fazer produtos para eles usarem”, defendeu Sebastião Lancastre.

Eis que foi dita uma das palavras-chave dos novos formatos de pagamento: usabilidade. A lição que as empresas têm aprendido é que um novo sistema de pagamento até pode ser mais robusto e tecnologicamente mais avançado, que se não contemplar a questão da usabilidade estará a colocar-se em caminhos apertados.

“Temos de fazê-lo de forma a que do ponto de vista do utilizador seja conveniente e seja seguro”, salientou a diretora do departamento de gestão de produto da SIBS, Teresa Mesquita. “A experiência tem que ser boa, a segurança tem de existir e quando há problemas têm de ser facilmente detetados”, acrescentou, sobre os elementos que fazem uma boa forma de pagamento digital.

Já Paulo Raposo considera que a principal preocupação da Mastercard “é o compromisso fundamental entre a segurança e a usabilidade”. “Nenhuma delas prevalece, são as duas importantes”.

Ainda que as empresas já estejam a endereçar algumas das necessidades dos chamados nativos digitais, a verdade é que há trabalho que precisa de ser feito junto da população que usa as tecnologias, mas não de uma forma tão nativa. “Todos queremos fazer pagamentos em qualquer lado, em qualquer dispositivo e isso traz questões de segurança acrescidas”, lembrou Paula Antunes da Costa.

“Compete-nos a todos nós a fazer campanhas de sensibilização de segurança. Nós temos que dizer isso: temos todos responsabilidades. Bancos, meios, empresas de telecomunicações. Este é o primeiro nível, temos de formar as pessoas”, defendeu depois o CEO da Easypay sobre a necessidade de haver uma maior comunicação sobre as novas formas de pagamento junto da população e sobre a segurança em geral dos novos formatos de pagamento digitais.


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