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«Utilizamos a IA como acelerador.»

Publicado em 24 Novembro 2025 | 17 Visualizações

Em dez anos, a Hyphen passou de um pequeno núcleo de especialistas em transformação digital para se tornar em especialista de UX, com presença em quatro continentes. Com 130 profissionais e um volume de negócios que alcançou 4,7 milhões de euros em 2024, a empresa celebra o seu 10.º aniversário entrando numa nova fase estratégica: a criação de uma área de consultoria completa e a integração da Inteligência Artificial como amplificadora da experiência humana. O fundador e CEO, André Esteves de Carvalho, revela como esta evolução foi construída passo a passo, sempre com as pessoas no centro da tecnologia, e explica de que forma a Hyphen pretende elevar o padrão do UX no mercado português e internacional. Da expansão global à inovação em IA, da consultoria estratégica à construção de comunidades de UX, esta entrevista desvenda as tendências que vão marcar os próximos anos e os desafios que as empresas enfrentam na transformação digital.

Ntech.news – A Hyphen celebra este ano dez anos de existência. Como descreve a evolução da empresa desde a sua fundação até se tornar a maior empresa de UX em Portugal?

André Esteves de Carvalho – Começámos em 2015 como Spark2D, um pequeno núcleo de especialistas em transformação digital. Com o tempo, consolidámos a marca Hyphen e crescemos para mais de 130 profissionais, tornando-nos a maior consultora de UX em Portugal. Esse percurso foi feito passo a passo: primeiro a ganhar espaço no mercado nacional, depois a conquistar clientes internacionais, e hoje a assumir-nos como uma consultora global, com projetos em quatro continentes. O que nos trouxe até aqui foi sempre a mesma ideia: colocar as pessoas no centro da tecnologia.

A recente separação da Tangível marca o início de uma nova fase para a Hyphen, incluindo a entrada na consultoria. Quais foram os principais fatores que motivaram esta mudança e como espera que ela impacte o mercado português de UX e TIC?

A.E.C. – A separação foi um momento natural. As duas empresas seguiram caminhos diferentes e isso deu-nos liberdade para assumir uma identidade própria. A criação da área de consultoria foi motivada pela procura dos clientes: para além de reforçarmos as suas equipas de UX, pediam apoio estratégico para redesenhar produtos, serviços e até modelos de negócio. Ao integrar consultoria na nossa oferta, acreditamos que estamos a elevar a fasquia do mercado português de TIC, oferecendo uma proposta end-to-end altamente especializada na área de UX.

Compreender os utilizadores

Em 2024, a Hyphen atingiu 4,7 milhões de euros em volume de negócios e prevê crescer 20% em 2025. Que iniciativas ou serviços acredita que serão os principais motores deste crescimento, especialmente no contexto do mercado português de TIC?

A.E.C. – O crescimento virá de três frentes: primeiro, a nova área de consultoria estratégica; segundo, a expansão internacional, sobretudo em mercados europeus, norte-americanos e do Médio Oriente; e terceiro, a aplicação de inteligência artificial em projetos de experiência digital. No mercado português, vemos cada vez mais empresas a procurar parceiros que as ajudem não só a executar, mas a definir a visão e a estratégia digital, e é aí que a Hyphen se diferencia.

A consultoria Hyphen cobre todo o ciclo de UX, desde research até UX strategy. Que tipo de desafios ou lacunas do mercado pretende resolver com esta oferta? E de que forma esta abordagem é diferenciadora face à concorrência?

A.E.C.  – Há uma lacuna clara no mercado: muitas empresas fazem tecnologia sem compreender os utilizadores. O que queremos resolver é precisamente isso. A nossa oferta cobre desde a research com utilizadores até à definição da estratégia, passando pelo design e implementação. O que nos distingue é a capacidade de ligar research, negócio e tecnologia, sempre com o utilizador no centro. É uma visão holística que poucas consultoras independentes conseguem oferecer.

A IA é apresentada como uma aliada estratégica no trabalho de UX. Pode explicar como a Hyphen utiliza a IA no dia a dia dos projetos e quais os benefícios concretos para clientes e equipas?

A.E.C. – Utilizamos a IA como acelerador. Por exemplo, no research, conseguimos analisar rapidamente grandes volumes de dados e identificar padrões que antes demoravam semanas. No design, a IA ajuda-nos a criar variações de wireframes e protótipos. No desenvolvimento, acelera tarefas repetitivas e documentação. Para os clientes, isto significa mais rapidez e eficiência; para as equipas, significa mais tempo para se focarem no que é realmente humano: a empatia, a criatividade e a tomada de decisões estratégicas.

Capacidade de abraçar oportunidades internacionais

Com um laboratório de testes de usabilidade e um departamento de inovação, como equilibram tecnologia e empatia humana para garantir experiências digitais de qualidade?

A.E.C. – O nosso laboratório de UX é um espaço onde observamos as pessoas a interagir com produtos digitais em condições quase reais. A inovação tecnológica dá-nos ferramentas sofisticadas, mas não substitui a observação humana, a escuta ativa, a empatia. O equilíbrio está em usar a tecnologia para ganhar velocidade e profundidade de análise e design, sem nunca abdicar da interpretação empática. Os números contam o quê, mas só as pessoas nos explicam o porquê.

A Hyphen já está presente em quatro continentes. Que mercados internacionais são prioritários para a empresa e de que forma o conhecimento adquirido em Portugal ajuda a posicionar-se globalmente?

A.E.C. – Neste momento, estamos focados em consolidar a nossa presença na Europa, nos EUA e no Médio Oriente. O que aprendemos em Portugal foi essencial: crescemos num mercado mais pequeno, mas competitivo, onde tivemos de ser criativos, ágeis e altamente especializados para nos distinguirmos. Esse ADN de resiliência e foco no utilizador é um trunfo quando entramos em mercados maiores e mais competitivos. Para além disso, no nicho de UX, é muito raro encontrarmos consultoras independentes com a nossa dimensão, o que nos dá uma capacidade de abraçar oportunidades internacionais maior do que as outras empresas têm.

A Hyphen mantém uma forte ligação à comunidade de UX em Portugal, através de meetups e patrocínio de eventos da área. Que impacto acredita que estas iniciativas têm na valorização do setor de UX e TIC no país?

A.E.C. – A nossa missão não é apenas crescer enquanto empresa, mas também fazer crescer a comunidade. Eventos como o meetup UXpress Yourself ajudam a criar uma cultura de partilha, networking e debate em torno de temas-chave da experiência digital. Isso tem um efeito multiplicador: eleva a maturidade das empresas, cria oportunidades para novos talentos e posiciona Portugal como um país com voz ativa no UX global.

A tecnologia é um meio, não um fim

Olhando para os próximos cinco anos, que tendências em UX, IA e experiência digital acredita que vão marcar o mercado português de TIC? E como a Hyphen pretende posicionar-se face a estas tendências?

A.E.C. – Vejo três grandes tendências: a integração plena da IA em processos de design e desenvolvimento, a democratização da experiência digital em setores públicos e privados, e o crescimento da ética digital como tema central. A Hyphen vai posicionar-se como consultora de confiança para navegar este triplo desafio: ajudar as empresas a adotar IA, garantir inclusão e acessibilidade, e promover experiências digitais éticas e humanas.

Que conselhos daria a empresas portuguesas que querem melhorar a experiência digital dos seus produtos ou serviços, especialmente com a adoção de IA?

A.E.C. – O primeiro conselho é simples: nunca percam o foco no utilizador. A tecnologia é um meio, não um fim. O segundo é experimentar com IA, mas de forma estratégica: usar a automação para ganhar velocidade e eficiência, e deixar a empatia e a visão crítica para os humanos. E o terceiro é procurar parceiros que tragam conhecimento especializado, porque o futuro digital não se constrói sozinho.


Publicado em:

Na Primeira Pessoa

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